O que se pode aprender com o momento atual
A conjuntura política vivenciada pelo Brasil, hoje, pode produzir enormes aprendizados, tanto para lideranças políticas quanto para organizações e movimento sociais. Os atuais acontecimentos são resultantes de fatores externos, que contribuem para aumentar a dura postura da oposição e a fragmentação da base politica que dá sustentação ao Governo, e que, frente aos índices de rejeição da presidenta Dilma, passa a exigir mais espaço para, consequentemente, aumentar o seu poder de mando.
Essa realidade é nociva ao País, e tem sido provocada, em grande parte, por uma mídia irresponsável, que tem por objetivo lucrar com os problemas criados por ela mesma. Mas a quem interessa toda a cobertura que a imprensa vem realizando dessa crise? Primeiro, à própria mídia, que tem aumentado o índice de audiência e venda de jornais e revistas; segundo, à oposição, que é apresentada pela mídia como salvadora do Brasil, mas que já quebrou este País em outros momentos, e nos deixou de joelhos diante do FMI; e terceiro, aos partidos de apoio ao governo, que ganharam mais poder. Diante dessa situação, só quem tem perdido é a população, especialmente a mais pobre.
Portanto, a aprendizagem está justamente em os governantes e dirigentes criarem sempre uma relação direta com seu público, estabelecendo mecanismos de comunicação que assegurem que as informações sejam as mais transparentes possíveis; que os papéis sejam compreendidos. Isso para evitar que organizações e movimentos sociais passem a ser colocados em xeque, como estão fazendo com o Brasil.
Nossa gente saiu de um estado de realização de sonhos, para um estado de medo e ansiedade, fruto de inúmeras informações mentirosas e de interesses escusos, cuja finalidade é especular para ganhar mais.
Também deve nos deixar indignados a redução de Ministérios que a mídia impôs ao Governo, e que não representa impacto importante frente ao trabalho que esses órgãos realizavam, já que os que foram extintos tinham um papel de promover correções históricas e abusos sofridos por uma população que vivia na invisibilidade ou sem direitos, por causa de uma herança maldita de militares e da direita conservadora.
Precisamos, portanto, continuar acreditando neste País, na nossa capacidade de construindo cidadania e aperfeiçoando a democracia, de forma a assegurar que o interesse coletivo se sobreponha ao interesse individual, e que continuemos incomodando aqueles que não aceitam um Brasil cidadão.
Por Doriel Barros – Presidente da Fetape