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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELNÓS E OS OUTROS.

Num momento em que os santos milagreiros são os “justiceiros togados” da Justiça Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Contas, torna-se incompreensível convivermos com as situações abaixo, detectadas e apuradas em viagem recente.

Atendentes de estabelecimentos comerciais são orientados a perguntar: quer a nota fiscal? Ora se o documento fiscal, seja nota ou cupom, é o registro da compra e da prestação do serviço no sistema tributário porque a indagação? O fato pode ser explicado pelo jeito brasileiro de ser. Reclamamos da carga tributária, do custo Brasil e da qualidade dos produtos e serviços e como vingança embarcamos para os E.U.A. para comprar muamba em Miami ou em Nova Yorque. Lá não questionamos nada, tudo é perfeito.

Temos a mania de exigir dos outros o que não damos. Cobramos um nível de honestidade que não temos e assim o mundo gira. Terceirizamos a educação dos nossos filhos com os educadores das creches e das escolas do primeiro nível e compensamos a ausência com a oferta de aparelhos de telefonia móvel de última geração, com assinatura de TV a cabo e outras modernidades.

Estamos indo aos templos religiosos como desencargo de consciência, pouco aplicamos da mensagem recebida, julgamos que o dizimo é suficiente para encontramos o caminho da salvação.

No transito reclamamos de tudo e de todos e estacionamos em vagas de pessoas com dificuldade de locomoção e ao sermos flagrados temos a resposta na ponta da língua.

Nos aviões insistimos em embarcar com malas fora dos padrões uma vez que temos pressa no desembarque, retirar a bagagem na esteira é para os “babacas”. No interior das aeronaves “coletamos” os utensílios que as empresas aéreas oferecem aos usuários da primeira classe, quando por lá passamos rumo à saída, ao deslocarmos da classe econômica.

As carteiradas são praticadas todos os dias em diversos lugares e as “autoridades” que o fazem conseguem alegar que foram atendidos de forma inadequada, que merecem atenção especial ou outras alegações sem qualquer princípio defensável.

Utilizamos nossa rede de amizade para conseguir vacinas ofertadas para públicos que não fazemos parte e “negociamos” com funcionários de consultórios atendimentos encaixados em vagas de desistentes, numa afronta aos que estão na sala de espera. Vivemos em um ambiente onde tudo a nosso favor é possível, sendo em favor dos outros é regalia inadmissível.

Por: Ademar Rafael


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