No mês de agosto, o Brasil registrou o 5º mês seguido de perda de vagas de empregos formais de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o pior cenário para um mês de agosto desde 1995. Na contramão do quadro nacional, o município de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, ganhou 1.953 novas vagas em agosto, sendo o segundo colocado do país no ranking do Caged.
A cidade tem, segundo o Governo do Estado, pouco mais de cem mil habitantes e ocupa uma área de 305,560 quilômetros. Segundo Hercílio Victor, secretário de Políticas Sociais e Educação Profissional de Igarassu, o índice de empregabilidade no município é de 80%. Ele conta que quem mais contratou no período foram as indústrias Brasil Kirin (da cerveja Schinchariol) e Saint Gobain (empresa francesas de lixas e rebolos), a usina São José, que entrou em época de safra, o grupo Atacadão, que implantou um Centro de Distribuição na cidade. “Além disso, como o município está realizando muitas obras, a gente prioriza serviços de empresas locais, o que também aumenta as contratações de trabalhadores”, diz ele.
Além disso, há, no entorno, três cervejarias, sendo duas em Itapissuma e uma em Igarassu, também municípios da Região Metropolitana do Recife, além de um polo automobilístico e um polo vidreiro, os dois em Goiana, na Zona da Mata Norte. Como se vê, a maioria das empresas não está dentro do município, no entanto, é em Igarassu que as empresas vão buscar mão-de-obra especializada. Isso porque a Prefeitura, de olho na chegada de grandes empresas e montadoras na região, investiu em qualificar a mão-de-obra, formando, em média, três mil trabalhadores por ano.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento do município, Francisco Gomes, as políticas econômicas foram pensadas justamente para solucionar essa questão. “Quando começamos a visualizar que essas empresas estariam próximas da gente, mas não dentro do município, focamos em investir naquilo que consideramos o fator mais importante, que é a profissionalização”, afirmou.
“É um orgulho ver as pessoas andando fardadas nas ruas, ver os ônibus das empresas buscando e deixando os trabalhadores. O município está mais feliz”, analisa Hercílio Victor. Essas iniciativas surgiram há menos de dois anos. “Nossa preocupação era que tivéssemos empregos duráveis, que levassem a fazer carreira. Esse trabalho rende frutos a curto, médio e longo prazo, porque queremos preparar Igarassu para as próximas gerações”, explica.
Daniela Melo, 19 anos, passou apenas cinco meses desempregada até conseguir um trabalho no polo automobilístico. A verificadora de peças contou que já estava perdendo as esperanças. “Eu sei que é muito pouco tempo, mas eu via todos os meus colegas de escola conseguindo emprego. Isso mostra que realmente o fluxo é grande”, comentou.
Há seis meses no novo emprego, ela contou que está animada com a oportunidade e espera crescer dentro da empresa. “Estou focada em me qualificar mais, fazer mais cursos para, quem sabe, chegar a liderar uma equipe. Só depende de mim agora, né?”, disse, sorrindo.(Do G1 PE)