Daqui a um ano veremos o famoso “legado” que as Olimpíadas Rio 2016 deixará para o povo carioca. As experiências do Pan Rio de 2007 e da Copa do Mundo 2014 sugerem calma e desconfiança.
Negar que a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro virou um canteiro de obras é tentar tapar o sol com peneira e não reconhecer a geração de empregos na preparação e na execução do projeto é ser míope. Contudo, temos que medir o custo de tudo isto com intuito de sabermos quem realmente ganhará dinheiro no negócio; quem perderá, já temos pistas.
Torçamos para que o país das maravilhas, durante o evento na cidade maravilhosa, não seja ridicularizado. Corremos o risco de ver atletas com máscaras de proteção e bomba de oxigênio durante as provas náuticas. Podemos assistir boicotes de atletas de alto desempenho quanto à participação em determinadas competições e convivermos com resultados contestáveis em função das condições que os atletas foram expostos durante as disputas.
É recomendável que o pessimismo talvez enxergado deste texto seja trocado pelo viés do alerta para reflexão. Temos o hábito de tentar defender o indefensável, em nome da boa convivência. Os políticos que tentarão se aproveitar do sucesso do evento em benefício das suas carreiras em pleitos futuros, assim como, os que lançarão mão das falhas parar ganhar visibilidade no curto é médio prazo e a falta de idoneidade e de caráter dos dirigentes esportivos, recomendam que sejamos conservadores.
Os processos de exclusões de membros do Comitê Olímpico Internacional, os critérios de escolhas dos representantes em referido colegiado, a ausência de atletas olímpicos nas decisões e os repetidos escândalos financeiros tem reduzido o grau de confiabilidade do COI – Comitê Olímpico Internacional, entidade promotora dos jogos olímpicos e paraolímpicos.
A paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos, aliados ao espírito olímpico, deveriam nortear os princípios dos jogos olímpicos. No entanto, a história prova que tais variáveis raramente se fizeram presentes na forma ideal. Os repetidos boicotes da Rússia e dos Estados Unidos durante a guerra fria, as manipulações dos exames de doping e os processos de escolha das sedes fizeram e fazem com que tais princípios fiquem distantes.
O programa “Trégua Olímpica”, promovido com grande alarde na ONU – Organização das Nações Unidas, perde um pouco do sentido quando enxergamos entre os grandes parceiros olímpicos a GE – General Eletric produtora das máquinas de guerra F-16 e helicóptero Apache; o sentido de vida saudável colado aos esportes fica desfocado com a presença da McDonald’s entre os patrocinadores e a lógica de lisura presente no ambiente olímpico desbota quando juntados ao comportamento da patrocinadora XEROX na Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos.
No livro “Um jogo cada vez mais sujo – O padrão FIFA de fazer negócios e manter tudo em silêncio”, o jornalista britânico Andrew Jennings, dedica várias páginas sobre o COI, leitura para maiores de trinta anos.
Por: Ademar Rafael