O desfecho trágico da estudante Maria Alice Seabra, de 19 anos, é bem diferente da história contada pelo padrasto da jovem, Gildo Xavier, como aponta as investigações da Polícia Civil. De acordo com a delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e o perito Fernando Benevides, o acusado teria decepado a mão esquerda da estudante com a ajuda de um instrumento pesado, como um machado ou um facão. As informações foram repassadas em coletiva de imprensa, que aconteceu na tarde desta segunda-feira (6).
De acordo com a Polícia, Maria Alice teria sido estuprada no matagal onde seu corpo foi encontrado, em Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife, diferentemente da versão apresentada em depoimento pelo acusado, que confessou ter violentado a enteada no banco de trás do carro, no acostamento da BR, em Paulista.
Segundo a perícia feita no veículo, foi constatado que o acusado agrediu a vítima, que teria ficado desacordada. Devido ao estado de decomposição do corpo de Maria Alice, o exame sexológico não comprovou a violência sexual contra a jovem. No entanto, a Polícia não descarta o estupro.
Para a delegada, “existem provas suficientes que apontam o ato sexual, como o fato dela estar sem as peças íntimas e vestida com as roupas do padrasto”. Para Gleide Ângelo, “pegar no seio de uma mulher já é considerado um ato de estupro”.
O laudo do IML também não conseguiu provar que a jovem foi morta por asfixia, devido ao aspecto deteriorado do corpo. Mas segundo a delegada, “a protuberância da língua da jovem é característica de asfixia”.
Após a conclusão do inquérito da Polícia, Gildo Xavier, que está preso no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel) desde o dia 23 de junho, será indiciado por sequestro, ocultação de cadáver, estupro qualificado – por ser padrasto da vítima – e homicídio triplamente qualificado, podendo ser condenado a mais de 50 anos de prisão. (Marina Mahmood/Folha de Pernambuco)