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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ademarÉ POSSÍVEL SOBREVIVER?

O indiano Ram Charan, uma das maiores autoridades no mundo da administração, ao escrever “Ruptura Global – Liderando seu negócio através da grande transformação do poder econômico mundial” menciona uma série de eventos que deslocou o consumo e as oportunidades dos negócios para um grupo de países capitaneados pela China, Índia, Brasil, Indonésia, México e África do Sul.

Sugere o competente consultor que os líderes das empresas globais precisam olhar não apenas para as oportunidades em tais mercados e sim dedicar especial atenção para as particularidades de cada região e contemplar variáveis ali existentes para não correr o risco de ver seus empreendimentos serem substituídos por outros que através da ação de executivos que ao respeitarem as culturas e atenderem as necessidades locais conquistam a preferência dos consumidores e usuários dos seus produtos e serviços.

Sugere o renomado autor que os negócios carecem de identificação com o universo onde inserido. As alianças estratégicas são destacadas como fatores de sucesso e ratifica que carreira solo está em fase de extinção. Contudo, o
indiano valoriza as estruturas locais e recomenda a cooperação como vetor capaz de ampliar os negócios gerados nas pequenas empresas locais.

Nos anos setenta e oitenta Valdemar dos Arados em uma empresa familiar produziu implementos agrários que venciam com certa facilidade a concorrência com a famosa marca Tatu. Fui operador de arados de Valdemar e
posso testemunhar que eram mais resistentes e produziam muito mais que os arados da empresa paulista. Quem viveu nas lides do campo no querido sertão do Pajeú com certeza ratifica minhas palavras.

Na cidade de Jardim, no Estado do Ceará, o senhor Helvécio passou a fabricar, nos anos 80, o famoso “picolé do Jardim” e venceu a concorrência de Maguari e da Kibon. Depois de trinta anos continua abrandando o calor dos moradores do Cariri cearense com seus picolés e sorvetes. Comprovei isto na viagem que fiz para aquela região em janeiro último.

Também no Ceará, na cidade de Nova Olinda, Expedito Celeiro não consegue atender todos os pedidos dos clientes e os calçados por ele produzidos são referência em bom gosto, conforto e durabilidade. Mesmo com Milton Neves
falando mais em sapatos rafarillo do que em futebol no seu programa “Terceiro Tempo”, no início das noites dos domingos na TV Bandeirantes, Expedito continua na liderança.

A associação das empresas com as características acima com o capital eterno é das diversas sugestões de Ram Charan para que os riscos sejam mitigados e a base econômica, a geração de emprego e de renda sejam ampliadas.

Por: Ademar Rafael


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