Esta crônica aborda um caso real, com personagem fictício, cujo cenário é o universo escolar em um município deste Brasil – pátria educadora com ensino que deseduca -, relacionado com o ensino básico e fundamental.
Realizando um sonho que acalentara desde a infância em 1977 Beatriz ingressou no serviço público no cargo de professora contratada. Sua dedicação foi compensada no ano seguinte com a efetivação. Com extremada dedicação e desempenho elogiado permaneceu em sala de aula até 1988.
Naquele ano, em virtude da credibilidade conquistada, Beatriz recebeu e aceitou um convite para instalar o setor de Recursos Humanos na Secretaria Municipal de Educação. Novamente, por força de sua dedicação e entusiasmo transitou por diversos departamentos, atuando em projetos na área urbana e rural, sempre enfrentando novos desafios.
Durante sua atuação em sala de aula e em serviços burocráticos Beatriz buscou novos conhecimentos, aplicou métodos por ela formatados, sempre com foco na aprendizagem e desenvolvimento de pilares da cidadania em cada aluno.
Em 2009 Beatriz entrou com pedido de aposentadoria e com a sensação de dever cumprido foi para casa. No entanto, em pouco tempo descobriu que não estava preparada para “sair de campo”, o ócio estava deixando opaco o brilho do olho que sempre caracterizou sua caminhada.
Para sanar a insatisfação inscreveu-se em novo concurso no ano de 2010, fez as provas e foi aprovada. Da data da aprovação até a convocação que ocorreu somente em 2014 atuou como membro de conselhos, em tais colegiados manteve o firme propósito de ver a educação cumprido a sua nobre missão de formar gerações futuras.
Após os exames médicos retomou as atividades em sala de aula com o mesmo ímpeto de antes, porém, encontrou o universo escolar com características que desconhecia. A relação aluno x professor é outra, a cumplicidade da época anterior foi substituída por um convívio movido pela divergência. Ouvir de alunos que: “A companheira de minha mãe bebe muito e não permite que ela
me ajude nas atividades” e “O companheiro do meu pai é quem me auxilia nas tarefas” trouxe uma realidade que a experiente professora não absorveu espontaneamente, mas, sua coragem mandou seguir em frente.
A consistência das suas habilidades e sua determinação está gerando frutos. Em dois semestre com a turma do segundo ano do primeiro ciclo – primeira série no formato anterior – Beatriz tem elevado o nível dos alunos, inclusive com promoção de alguns para o terceiro ano com a leitura e a escrita acima dos padrões dos planos de ensino. A saga continuará.
Por: Ademar Rafael