É o fim de uma era. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, surpreendeu o mundo do futebol ao entregar seu cargo nesta terça-feira. Ele convocou novas eleições ao comando da entidade – que preside desde 1998 – e informou que não concorrerá neste novo pleito. Até lá, porém, seguirá no cargo, para o qual foi reeleito na semana passada – superou Ali Bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, por 133 votos a 73.
– Tenho o mandato, mas não sinto que esse mandato seja de todo o mundo do futebol, de torcedores, jogadores, clubes, das pessoas que vivem, respiram, amam futebol tanto quanto nós na Fifa. Por isso, decidi entregar meu cargo a um congresso de um comitê extraordinário. Continuarei exercendo minhas funções como presidente da Fifa até lá – disse Blatter em pronunciamento nesta terça-feira em Zurique, na Suíça.
As novas eleições serão entre dezembro deste ano e março de 2016, de acordo com Domenico Scala, do Comitê de Auditoria da Fifa. Ele é o homem que coordenará o processo da nova eleição – terá, portanto, muito poder. O próximo congresso ordinário da entidade estava previsto para maio do ano que vem, no México, mas o presidente achou melhor não esperar até lá.
– Seria um atraso desnecessário – resumiu.
Blatter, enquanto isso, diz que respeitará os regimentos da entidade e que tentará criar novos mecanismos internos no órgão, que vive a pior crise de sua história.
– Isso terá que ser feito de acordo com o estatuto da Fifa, e devemos dar tempo aos melhores candidatos para apresentar-se e fazer sua campanha.
O suíço antecipou que pretende reduzir o tempo de mandato da presidência. Curiosamente, ele próprio foi reeleito quatro vezes.
– Precisamos de limites para o mandato não apenas para o presidente, mas para todos os membros do Comitê Executivo.
Na semana passada, sete dirigentes da entidade, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, foram presos em Zurique, suspeitos de participar de um esquema de corrupção. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que Blatter é um dos investigados, mas que não houve indícios contra ele. Michel Platini, presidente da Uefa, vinha pedindo a renúncia de Blatter.
Logo depois do anúncio do presidente, o Comitê de Ética da entidade divulgou um comunidade afirmando que seguirá nas suas funções e que tratará a lisura do órgão, seja quem for o próximo presidente, como prioridade máxima.