O título desta crônica é uma frase com presença garantida em todas as cidades brasileiras, durante muito tempo. O tema “fora FMI” serviu de base para inúmeros discursos de oposição aos governos e modelos econômicos.
Interessante é descobrimos que vários integrantes do governo atual que gastaram muita tinta para “decorar” viadutos e muros das cidades brasileiras convivem harmoniosamente com o atual Ministro da Fazenda, senhor Joaquim Levy, que ocupou vários cargos no FIM, durante sua permanência na organização no período de 1992 a 1999.
Nossa relação com o FMI é que pode ser qualificada como convivência entre de tapas e beijos.
Em 1944 participamos das reuniões de criação do Fundo, com ente integrante do famoso “Sistema de Bretton Woods”, composto pelo Fundo Monetário Nacional – FMI, Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – DIRD e Organização Internacional do Comércio – OIC. Juscelino Kubitschek por discordar das restrições impostas promoveu o primeiro rompimento, isto em 1959. Durante os governos militares houve a reaproximação, com submissão aos técnicos do FMI. Em 1984 suspensão dos acordos, por falta de cumprimento de cláusulas pelo Brasil o que motivou a moratória declarada durante o governo Sarney, sob a batuta de Dílson Funaro, em 1987. Retomadas das negociações nos governos dos Fernandos Collor e Henrique, com novas submissões. Malan e sua turma foram grandes pupilos do FMI.
Mesmo com a economia em crise, não temos tanta dependência de recursos do Fundo, preferimos as “pedaladas fiscais” que tanto enfurece o Tribunal de Contas da União – TCU, mas, ainda somos obrigados a suportar as orientações de técnicos do FMI.
O site “Arena do Pavini” publicou recentemente um leque de recomendações do Fundo para que o Brasil saia da enrascada que se encontra. Sugerem os “iluminados”: Elevação dos juros, liberação do cambio com desvalorização do real, superávit primário elevado. A receita é mesma, sua aplicação fortalece o sistema e esmaga a soberania das nações.
Em fase de crise de credibilidade interna e externa desconfio que o ex-funcionário do FMI e atual Ministro da Fazenda do Brasil, durante sua viagem aos Estados Unidos, solicitou uma ajuda dos ex-colegas em favor das medidas adotadas, por coincidência todas alinhadas com as sugestões publicadas por Ângelo Pavini.
Fica a torcida para que Joaquim Levy lembre a época que o ocupou cargo nas Divisões de Mercado de Capitais e da União Europeia. No velho continente a receita é reduzir os juros para sair da crise. Em nosso país continuamos no caminho inverso. A melhor medida para combate da inflação é subir juros e aumentar o lucro dos bancos e dos especuladores. Como sugestão para nova
“decoração” dos viadutos e muros apresentamos: “Fora receita do FMI”.
Por: Ademar Rafael