Sou defensor do modelo cooperativo para superar dificuldades e particularidades de setores desprovidos de mecanismos próprios, como é o caso da agricultura familiar. Por isto em 2008, quando deixei o emprego no Banco do Brasil, passei a atuar no projeto da COOPASUP –Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia – instalada em maio de 2005. No primeiro momento a atuação foi em forma de estágio obrigatório do curso de Administração; depois, como consultor.
Referido projeto, narrado de forma detalhada no livro “Negócios Solidários em Cadeias Produtivas – Protagonismo Coletivo e Desenvolvimento Sustentável”, de autoria do pesquisador Luiz Eduardo Parreiras, teve como principal objetivo trazer alento para os produtores de mandioca, oriundos de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da região,vinculados aoMST – Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, CPT – Comissão Pastoral da Terra e MPA–Movimentos dos Pequenos Agricultores.
Em sua fase embrionária, o projeto contou com participação ativa da Fundação Banco do Brasil, EMBRAPA, SEBRAE, UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, ASA – Articulação do Semiárido, Prefeituras e Agências do Banco do Brasil entes outras entidades públicas e privadas. Boa parte destas instituições estão atuando na empreitada até os dias atuais.
Foram muitas batalhas cerradas com organizações públicas e privadas que não viam o projeto com bons olhos, com a desconfiança dos fomentadores de recursos e com o ineditismo do empreendimento que interferia na cadeia produtiva da mandioca, nas etapas de escolha das mudas, preparo de solo, plantio, colheita e produção de fécula de mandioca em indústria a ser instalada e administrada pela COOPASUB.
O importante é que a persistência venceu. As dificuldades foram insuficientes para reduzir a garra das pessoas envolvidas com o empreendimento, com destaque para Izaltiene e Luiz, produtores rurais que largaram suas atividades e dedicaram-se integralmente às atividades da Cooperativa, sempre contando com as orientações do baiano Dácio e de outros brasileiros, prepostos das organizações acima mencionadas, com vocação para as causas sociais.
Em fevereiro último retornei à região de Vitória da Conquista e ao ver a planta industrial instalada no Povoado de Corta Lote, às margens da Rodovia BR-116, vibrei com a conquista dos cooperados. Quem duvidou da capacidade deles errou na avaliação. Foi, de fato, um grande presente para este entusiasta. Os impactos negativos sobre a atividade, promovidos pela longa estiagem, não impediram a produção da indústria nos anos 2011, 2012, 2013 e 2014. Fico sem entender porque exemplos como este da COOPASUB não entram na pauta do noticiário dos grandes jornais e das redes de televisão aberta.
Por: Ademar Rafael