Toda vez que a grande mídia produz manchetes sobre o mercado afirmando que ele “aceitou ou não aceitou” tal medida, pode ter certeza que tem um especulador ou um grupo de especuladores bancando o noticiário.
Ao indicar o nome de Aldemir Bendine para presidente da Petrobrás, a Presidente Dilma viu pipocar notícias sobre o desencanto do mercado e dos investidores com a escolha do executivo, oriundo do Bando do Brasil.
Bendine assumiu a presidência do maior banco do país em um momento de extrema dificuldade para a instituição. Seu antecessor bateu de frente com o Palácio do Planalto, ao negar-se atender determinação do Presidente Lula de que para enfrentar a crise mundial e incentivar o consumo no Brasil, insistia na aplicação da perigosa receita: oferta abundante de crédito e redução dos juros.
Em meio às críticas, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, estrela do governo tucano à época das privatizações, afirmou: “Neste momento o que a Petrobrás menos precisa é de quem entende de petróleo, o problema é financeiro e um homem de finanças pode ser a solução”.
A fragilidade atual do governo forneceu o ambiente propício para as criticas e os especuladores financiaram o movimento, mas, em outros momentos, pessoas estranhas ao mundo do petróleo ocuparam a presidência da estatal.
O presidente Médici nomeou para Petrobrás o General Ernesto Beckmann. Geisel, que enfrentou a famosa crise do petróleo no início da década de 1970, saiu-se tão bem que foi escolhido para assumir a presidência da República, em 15.03.1974.O Príncipe FHC foi mais além e entre outros nomeou para estatal do petróleo, economista e banqueiro Francisco Roberto André Gros e –pasmem- o francês, nascido em Paris em 1949, Henri Philippe Reichstul graduado em economia e administração de empresas.
Como pode ser percebido, a balela “aceitação do mercado e dos acionistas” não encontra lógica no mundo real; advém do mundo da especulação. O problema transita ainda no universo petrolífero que é controlado pela turma do turbante das arábias, sob olhar inerte da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, tão manipulada quanto a ONU – Organização das Nações Unidas.
Os reais problemas da Petrobrás são a falta de vergonha dos controladores dos mais importantes processos da estatal e as obrigações assumidas por força da Lei 9.478/97, a chamada Lei do Petróleo, que acoberta a remessa de lucros gerados na imensa riqueza do petróleo para especuladores internacionais. A convivência de tal regra com a Lei das Licitações a 8.666/93, é complicada. É o mesmo que engessar um pé e disputar uma corrida de cem metros com o jamaicano Usain Bolt. Burocracia e competitividade para andar juntas criam arestas e nas arestas os corruptos e corruptores deram as cartas.
O novo presidente da Petrobrás deveria suspender todas as verbas publicitárias da empresa, uma vez que, a mesma mídia que sangra a estatal com gordas cotas, escreve contra seus interesses jogo duplo sacana e imoral.
Por: Ademar Rafael