Sem qualquer resquício de dúvida, Afogados da Ingazeira é uma cidade com poucas características da cidade que deixamos em janeiro de 1982. Comprovamos esta tese ao visitarmos a “Princesa do Pajeú”, em janeiro.
Hoje, Afogados dispõe de farta oferta de serviços médicos e odontológicos, seu comercio é diversificado e existem lojas caracterizadas com “layout” de vanguarda, inclusive algumas franquias.
É saudosismo sem sentido buscar hoje o que deixamos há três décadas. É possível que os gostos atuais sejam diferentes dos “nossos”, no entanto, a leitura correta é saber que estamos em outra época; as ofertas surgem de acordo com as necessidades, é a evolução natural. Para alguns, evolução para baixo, que não é o nosso caso. Citamos nesta abordagem dois eventos realizados durante e período que estivemos na cidade:
Nos dias 09 a 11.01.15 houve a “Afogareta” ou “Arerê”, carnaval fora de época, que segue à risca o jeito baiano de fazer festas de rua. Podemos até não concordar com a “qualidade musical”, mas, daí dizermos que não é uma grande manifestação popular, a distância fica do tamanho da animação dos foliões.
De 15 a 18.01.15, a cidade recebeu os “Dragões do asfalto” no 14º Encontro de Motociclistas. Neste evento, além da exposição das máquinas, destacamos a contagiante animação dos motoqueiros. O fato de uma das atrações musicais ter apresentado um autêntico forró pé-de-serra deu ao encontro um gosto de “sertão nordestino”. Se a Rota 66 é musicada com ritmos americanos nada mais justo que no sertão do Pajeú tocarmos nosso forró de raiz.
Esta é cidade do século XXI, precisamos nos adaptar a ela. Criticar sua forma e seu conteúdo é malhar em ferro frio. Cabe, no entanto, um lembrete para reflexão. Mariana, artesã de mão cheia e torcedora símbolo do Barcelona de Magno Martins, ao ver a festa do centenário de Lourival Batista, nos dias 02 a 06.01.15, em São José do Egito, fez o seguinte comentário: “Ademar quando Afogados da Ingazeira fará algo parecido para em favor de figuras ilustres que aqui nasceram?”.
A neta de Guaxinim tem razão. A “Princesa do Pajeú” é descuidada com seus filhos. Poucos, na geração atual, sabem quem foi Guardiato Veras, Possidônio Gomes, Bernardo Ferreira, Dinamérico Lopes, etc. Jamais poderemos permitir que as gerações futuras não saibam que Deinha, Maria Dapaz e Yane Marques gravaram e continuam gravando, no caso das “meninas”, o nome de Afogados da Ingazeira no cenário mundial.
Neste sentido temos que evoluir. Às figuras citadas podem ser adicionados outros afogadenses cujos feitos merecem destaque.
Por: Ademar Rafael