CORRUPÇÃO, DESDE E ATÉ QUANDO?
Sempre que acontecem prisões de políticos ou de empresários envolvidos com corrupção a pergunta acima nos persegue.
O livro “Ética e vergonha na cara”, dos pensadores Clóvis de Barros Filho e Mario Sergio Cortella, apresenta-nos grande elenco de respostas para referida indagação. Apresentam os autores um leque de fundamentos para melhor Compreendermos esse nocivo fenômeno social que se alastra nas organizações públicas e privadas, com maior ênfase para o primeiro setor, contudo, no segundo setor o mal vem se alastrando com força total. Indica-nos a obra que existem remédios.
Para acharmos o “desde quando” é mergulharmos nos quinhentos e quinze anos da história do Brasil. O “até quando” é um caminho longo, construído pelas futuras gerações. A geração atual está tão contaminada que o combate ao mal pode matar, também, o portador da moléstia.
Na história encontramos fatos e dados descritos a seguir, o futuro fica para o momento oportuno, transitar por ele é missão de alto risco.
O pesquisador francês Auguste de Saint-Hilaire, que furtava plantas, insetos e passarinhos em nosso país e enviava para pesquisas na França, nas primeiras décadas do século dezenove, escreveu sobre os negócios públicos no Brasil: “O espírito de inveja e intriga, mais veemente do que em qualquer outro lugar, interpõe-se a tudo quanto se faz, tudo perpetua e favorece o tratante e
desencoraja o homem honesto”. Para o francês a base naquela época era a “intriga e a inveja”, com o tempo outras variáveis foram sendo inseridas para sustentar o ambiente corrupto presente em nossos dias. A lista é infinita.
Trajetória da “menina” corrupção no Brasil: Brasil Colônia, chegou do velho mundo e adaptou-se rapidamente; Império, ganhou jeito de moça e transitou da senzala à casa grande com desenvoltura; República Café com Leite, nadou de braçadas; Governos Getúlio, JK e Jango, virou normalista, rebelou-se e saiu do controle; Governo Sarney, graduou-se; GovErno Collor, fez mestrado; Governo e FHC fez doutorado, ganhou asas (reeleição) e nadadeiras (privatização); Governos Lula e Dilma, massificou-se e foi dos mares (Petrobrás) aos ares (Infraero). Nas ditaduras de Vargas e de 1964 e no Governo Dutra, ninguém viu, um olho estava tapado pelo medo e o outro pela censura. Nos Governos Jânio e Itamar foi para debaixo do tapete, em função de raquítico combate.
Os exemplos tirados com penalidades recentemente aplicadas, mesmo de forma tímida para os moralistas de plantão, construirão um universo com menor espaço para corruptos e corruptores. Tudo dependerá das escolhas das gerações futuras. Nossos netos terão uma nação com alto grau de imunidade às práticas corruptas, assim espero.
Por: Ademar Rafael