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AOS 94 ANOS, MESTRE JAIME INVADE RUAS E SALGUEIRO MOSTRANDO QUE A BICHARADA É CULTURA E RESISTE AO TEMPO

SALGUEIROQuem brinca a folia em Salgueiro já sabe que o domingo e a terça-feira pertencem ao Mestre Jaime. Há mais de 60 anos, o rei Momo já abre as ruas e avenidas para passagem de sua Bicharada – um bloco misturado com troça que atravessa meio século como tradição em Salgueiro. O comando é do artista plástico, músico, boêmio e definitivamente carnavalesco, Jaime Alves Concerva. No Melhor Carnaval do Sertão, organizado pela Prefeitura em parceria com o Governo do Estado, a Bicharada mais uma vez mandou brasa, domingo à tarde, com seus bonecos exóticos misturados com máscaras de animais domésticos que fazem a alegria de crianças, adultos e idosos.

Avesso aos modismos e principalmente a trios elétricos, Mestre Jaime, aos 94 anos, desta vez, recém recuperado de problemas de saúde, não perdeu a garra e desfilou num carro ao lado de um boneco gigante com sua feitura trabalhado pelo filho e também artista plástico Jaime Alves Filho, o Jaiminho. Em alguns momentos desceu do carro e foi marcar o passo com os foliões e seus bonecos gigantes.

“Carnaval só tem uma vez por ano, não tem como perder, demora muito pra chegar outro. Então o jeito é rezar e se jogar mesmo, depois se recupera”, diz. Para este ano, o bloco que sai também na terça-feira, conta com 80 bonecos grandes com feições de figuras exóticas meio surreais, misturados a mais 13 bonecos que parecem com os tradicionais de Olinda. Dois são caricaturas do criador da Bicharada.

Ao passar por uma das avenidas o prefeito Marcones Sá que sempre sai atrás do bloco, convidou a Orquestra do Zé Paixão, para prestar uma homenagem ao mestre. Foi aí que mais uma vez ele engrandeceu o sorriso e mandou ver nos passos, dando aula como um veterano professor da folia, um verdadeiro mestre. Cercado por um grupo de jovens passistas, o carnavalesco dançou cantando os frevos instrumentais da orquestra. Não escondeu a emoção.

“Mestre Jaime surpreende sempre. A energia dele é verdadeira e nos encoraja. Ele é mesmo nosso patrimônio vivo”, destacou Marcones Sá. O desfile continuou pelas ruas e avenidas. Ao chegar no Polo Bomba, já no começo da noite, os bonecos entraram em cena encantando a todos. A Orquestra Cultura Pernambucana lhe fez mais uma homenagem.

O mestre subiu ao palco e dançou com as passistas, alguns clássicos do frevo pernambucano que fazem parte de seu repertório clássico. Foi aplaudido por todos os foliões que reconhecem sua história. E como sempre não faltaram visitantes de máquinas nas mãos fazendo o registro fotográfico ou filmando.


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