Depois de passar a tarde e parte da noite desta terça-feira (20) dentro da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, o promotor Marcellus Ugiette disse ter percebido a comunicação entre os presos da instituição e do Complexo Penitenciário do Curado, onde os detentos iniciaram uma rebelião na segunda-feira (19). Para ele, as reivindicações por mais rapidez da Justiça para analisar os casos não é a principal motivação para os motins, que seriam, na verdade, operados por organizações criminosas com atuação dentro e fora dos presídios.
“Muitos presos disseram que não queriam continuar com a rebelião, mas alguns grupos não quiseram nem iniciar o diálogo. Na realidade, percebemos que há uma atuação forte do PCC ou de outros grupos que têm contato com os detentos do Curado e também de outras penitenciárias e querem promover esse tipo de ação”, avalia a promotor.
Segundo Marcellus, a maior parte dos presos dos pavilhões B e C – onde houve confronto com o Batalhão de Choque – estava perceptivelmente sob o efeito de drogas. “Eles são chamados de ‘robôs’, são orientados por essas facções criminosas e recebem armas e drogas. Eles ficaram ainda mais irritados quando viram que conseguimos entrar em acordo com os outros pavilhões. O que eles queriam era o confronto”, ressalta.
Na avaliação do promotor, a situação chegou ao descontrole pela falta de agentes penitenciários. “A superlotação é sim um problema, mas as coisas tomaram essa proporção pela ausência do Estado dentro da instituição. Hoje (terça-feira), a situação foi contornada porque temos o reforço da Polícia Militar, mas diariamente o Estado é ausente”, diz Marcellus. (Do JC Online)