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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL


RAFAELCEM ANOS DE LOURO

Por “encanto” e pela “poesia”, foram montadas em São José do Egito três tendas. Uma representada pela “Bodega Jó Patriota”, outra personalizada no Palco Zá Marinho” e a última materializada pelo Instituto Lourival Batista.

Não por acaso situaram a primeira ao sul em homenagem ao lendário Rio Pajeú, a segunda ao norte trazendo Itapetim para o eixo da festa e a terceira ao oeste na casa em que Louro e Helena recebiam os amigos.

A área sob o tripé imaginário, formado por “pernas” saídas de cada tenda, fez jorrar durante cinco dias, poesia, cultura e manifestação espontânea de uma plateia onde intelectual e iletrado conviveram em perfeita harmonia. Naquele ambiente sobrou paz a poesia afasta a disputa e o individualismo.

Três fatores, no entanto, merecem maior destaque. O primeiro: a forma que as pessoas subiam para ao palco para virar artista e dele desciam para virar plateia. Foi possível ver os netos de Lourival (Greg, Miguel e Tonfil) descerem do palco para aplaudir Maciel Melo e Xangai, tendo sido antes aplaudidos por eles. Da mesma forma Bráulio Tavares após aplaudir Louro Branco e Mocinha da Passira subiu ao palco para ser aplaudido pelos famosos cantadores. O segundo: o caráter de não exclusividade. A festa foi pelo centenário de Louro, mas, nela coube, de forma exemplar, homenagens para Jó Patriota, nos recitais de Noé; para João Furiba nos improvisos de Louro Branco e Mocinha e para João Paraibano, nos sete linhas de Diomedes Mariano e Valdir Teles e na mesa de glosas. O terceiro: o formato da festa. Foi dado vez e voz ao povo. A máxima que a rua é o “maior templo do povo” foi levada a termo sem restrições. Em uma das suas intervenções Antônio Marinho afirmou: “Quando esta festa deixar de ser a manifestação do povo perderá seu sentido. Deixará de ser a festa para Lourival Batista”.

louro11A missa em versos e a vigília poética foram inovações que deram motivos para ratificarmos o pensamento de que o poder de criação dos filhos do Pajeú é ilimitado é singular e plural. As fagulhas poéticas formadas no ambiente foram capazes de furar as nuvens na noite do dia 04 de janeiro. Os pingos da chuva misturaram-se com os fragmentos das rimas e formaram uma matéria inseparável. Densa como o obra do Rei dos Trocadilhos.

Os cantadores Diomedes Mariano, Moacir Laurentino, Severino Feitosa, Valdir Teles e Zé Cardoso fertilizaram o roçado do qual Louro, com poucos, soube extrair matéria prima para sua rica produção poética.

Zé Carlos de Neco Piancó após aplaudir a dupla Dedé Monteiro e Chico Pedrosa desabafou: “Nós não sabemos de nada”. A verdade dessa afirmativa corrobora com a tese de que a produção dos poetas da nossa região é coisa de outro mundo. Que venham as festas 101 (06.01.2015) e 200 (06.01.2116).

Por: Ademar Rafael


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