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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

PLANOS DE SAÚDE

Os planos de saúde no Brasil jogam por terra uma das máximas do mundo dos negócios que afirma: “O negócio é bom quando é bom para os dois lados”. Esta teoria foi perfeitamente adaptada por Celso Russomanno para angariar votos, via programa popular em que as operadoras de planos de saúde têm presença contumaz.

O mercado de plano de saúde possivelmente é o único setor da economia que é ruim para os quatro lados. As operadoras dizem que o sistema está em fase de exaustão, os usuários enchem os PROCONS e as ouvidorias de reclamações, as clínicas e os médicos dizem que o sistema é péssimo e a ANS – Agência Nacional de Saúde reconhece as deficiências e fica brincando com as operadoras. Suspende a venda de determinados planos, autoriza comercialização dos mesmos com nova roupagem e assim a roda gira.

Para tentar entender vamos aos números. Em 2013 o sistema que conta com algo próximo a mil operadoras faturou R$ 108 bilhões em mensalidades e contrapartidas de 50 milhões de usuários. Segundo dados oficiais as despesas das operadoras ficaram em torno de R$ 90 bilhões no mesmo período.

Em uma economia que cresceu somente 2,3% ao ano quem explora uma atividade com lucro de 16,6% no mesmo horizonte temporal – R$ 18 bilhões (R$ 108 – 90) -, alegar exaustão é algo estranho. Outro fato que causa perplexidade é o em 2014 o setor continua crescendo em faturamento e número de adesões. Que crise é esta amigas operadoras?

Para os usuários o sistema é bruto. No dia 31.07.14, por volta de 11h30min, fui a uma grande clínica na cidade de Porto Velho-RO para marcar uma consulta com um especialista utilizando meu plano de saúde. A atendente comunicou que teria vaga no dia 20.08.14. Perguntei: “Se for pagamento em dinheiro?”. Ela respondeu: “Temos vaga hoje às 14 horas”. Esta situação é repetida, com maior ou menor prazo em todo país.

As clinicas e os médicos alegam que os valores pagos pelos planos de saúde não cobrem os custos. Os médicos abrem o jogo: “Como posso deixar de atender um paciente que paga R$ 350,00 por uma consulta para atender um usuário de um plano que repassa R$ 40,00? Tenho custos elevados”.

A Agência Nacional de Saúde tem uma vinculação promíscua com o setor, é menor que a força dos fiscalizados, diz que fiscaliza e nada faz. Suspensão de vendas de planos não atinge o bolso das operadoras o volume de recursos dos planos contratados continua ingressando no caixa.

Uma coisa é certa os usuários têm razão plena em reclamar, os médicos têm razão parcial. Quanto às razões das operadoras e da ANS? Decida você caro leitor.

Por: Ademar Rafael


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