A RUA…
O antropólogo Roberto Da Matta, em seu livro “O Que faz o brasil, Brasil?”, traça um lógico paralelo entre a casa e a rua. Além de abordar que tais ambientes se completam ele afirma “A rua compensa a casa e a casa equilibra a rua”. Essa convivência é algumas vezes pacífica outras vezes conflituosa.
Eu, particularmente, gosto mais da rua; nela encontro a diversidade que alimenta meus sonhos, minhas tentações e fomenta o conforto que encontro em casa.
Como amante de feiras livres, depois da praia, o ambiente público mais democrático do Brasil, percebo sua perfeita harmonização com as características da rua: Trabalho e liberdade caminhando juntos.
A rua acolheu os manifestantes da “Primavera de Praga”, em 1968, na Tchecoslováquia e da “Revolução dos Cravos”, no ano de 1974 em Portugal. No Brasil poderíamos citar o movimento das “Diretas Já”, os “Caras Pintadas” da era Collor e as manifestações de 2013.
Fora da área política, destacamos o rebuliço do espaço durante o carnaval. “O galo da madrugada”, em Recife; “Os bonecos de Olinda” e os circuitos “Barra/Ondina e Campo Grande/Praça Castro Alves”, em Salvador, fazem da rua o mais eletrizante ambiente do mundo.
O cenário também recebe grande manifestações católicas como: o “Círio de Nazaré”, em Belém-PA; o “Pau da Bandeira” em Barbalha-CE, as procissões da Santa Luzia em Mossoró, Nossa Senhora da Conceição em Recife-PE e Nossa Senhora de Penha em Vitória-ES, podem ser citados como as de maior destaque.
Portanto, nada mais democrático que a rua. O perigo é quando tentam fazer de um movimento minúsculo uma coisa grandiosa. Assim foram os movimentos denominados “Fora Dilma” e “Fora PT”, após o resultado do segundo turno da eleição presidencial.
Qualquer cidadão minimamente coerente deseja imediata mudança no governo petista, contemplando os quesitos redução do aparelhamento do Estado e da corrupção. O primeiro para níveis aceitáveis e o último combater até zerar. Agora tentar via prática do “quanto pior melhor” na rua, iludindo grupos
manipuláveis é outra coisa.
Tivemos a oportunidade de mudar pelo voto, única receita apesar de comprovadamente ineficiente, não o fizemos. Agora é democraticamente esperar pelo próximo pleito. Quem pede a intervenção militar deve ter suas razões. Difícil é encontrarmos, nas experiências anteriores, nutrição para