O PRODUTO E A EMBALAGEM
No domingo 26.10.14, enquanto esperava o desenrolar da votação do segundo turno, fui a uma livraria e comprei “O lado B dos candidatos”, publicação assinada pelos jornalistas Chico de Gois e Simone Iglesias.
Traz referida obra detalhes sobre os comportamentos de Aécio, Dilma e Marina na “vida humana” como disse Zé Marcolino em uma das suas criações. Tais comportamentos são divulgados somente se agregarem valor à imagem pública, em crivo dos marqueteiros da cada um.
No livro poderemos ler as dissimulações de Aécio, as brutalidades de Dilma as dúvidas de Marina e outros traços das suas biografias não trazidas ao público em geral por serem politicamente incorretos.
Após a leitura podemos afirmar com toda certeza: O que nos apresentam os marqueteiros é um produto manipulado, maquiado e encoberto com uma embalagem moldada sob medida para cada oportunidade. Ou seja, o produto é detalhe, importante mesmo é como ele será visto.
Neste ponto a grande imprensa, que luta bravamente pela total liberdade de expressão, fecha muito bem seus olhinhos e ajudam na construção de um produto desprovido de qualidade tal qual às “chinelas japonesas” dos anos 60.
Foi assim que compramos Collor, Pitta, o “Galegin dos ói azul” e tanto outros. Uma vez colocados em uso percebemos que fomos enganados, ai é tão tarde quanto à morte de Inês.
Existe cura para manipulações do gênero? Somente com vergonha na cara dos postulantes poderíamos mitigar os riscos. Como esta substância é incompatível com o DNA da esmagadora maioria dos nossos governantes sobra somente à delação não premiada de um ex cônjuge ou de um antigo aliado. Voltamos, portanto para estaca zero, isto é, descobriremos somente após a posse.
Casos da espécie nos remetem a um diálogo sobre a demissão de executivo de uma grande organização, detalhado no livro “Quem”, de Geoff Smart e Rady Street. Ao indagar sobre o real motivo da sua demissão o executivo ouviu do Presidente do Grupo: “Veja bem, contratei seu currículo. No entanto, infelizmente, o que recebi foi você”.
Outra saída é utilizar o método que uma sofrida eleitora da periferia de uma cidade de médio porte no interior do Brasil lançou mão. Após várias tentativas ela foi finalmente atendida pelo prefeito com um humor comparável aquele que acompanha uma “ressaca” de uísque falsificado. Ao notar a diferença ela disse: “Quero ser atendida por este aqui” e sacou da bolsa uma fotografia do prefeito durante a campanha, onde ele aparece sorridente e abraçando todo mundo e entregou ao mutante. Difícil é chegar até o eleito.
Por: Ademar Rafael