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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

FALSOS DEUSES

Carlos Drummond, em crônica datada de 23.02.1980 para o Jornal do Brasil, gastou tinta para responder uma das malícias desta praga que chamam VEJA. Assim desculpou-se dos seus leitores: “A revista Veja tirou ilações maliciosas do livro de Micelli, mas isto não altera a verdade do que foi exposto acima. Tenho dito, e desculpem os leitores este capítulo de menor interesse”.
Tenho a mesma sensação ao tentar escrever sobre o preconceito orquestrado “de vez em quando e de quando em vez”, como musicou Gonzagão, por uma minoria sulista contra os nordestinos. Perdoem-me por ocupar o tempo de vocês com assunto tão irrelevante.
No entanto, como nunca fugi da luta, toco no assunto criando uma missão para esta parte da população dos estados sulistas que se julgam superiores. Por ser nordestino já fui discriminado em Maracaju, no Mato Grosso do Sul em 1985 e em Mimoso do Oeste, na Bahia em 1998, por minúscula parte de sulistas que residiam em tais regiões. Nos dois casos com trabalho obriguei-os a mudar de opinião. Como essa gente acha que são deuses vou dar para eles doze trabalhos, tal qual recebeu e executou Hércules o herói da mitologia grega.
Volto e debater como eles na hora que for apresentado um vivente nascido do lado de lá que possa ser equiparado a Ariano Suassuna (Dramaturgo), Rogaciano Leite (Poeta), Mestre Vitalino (Artesão), Luiz Gonzaga (Músico), Paulo Freire (Educador), Celso Furtado (Economista), Dom Helder Câmara (Religioso), Delmiro Gouveia (Empreendedor), Dais Gomes (Autor), Rachel de Queiroz (Escritora), Glauber Rocha (Cineasta) e Chico Anísio (Humorista). 
Considerando que eles podem levar tempo para cumprir a tarefa vamos mudar o rumo dessa prosa. Recebi da amiga Leni CD (Em canto e poesia), autografado pelos “mininodebia”, gravado no Teatro Santa Isabel. O mesmo espaço que em 1948, durante o I Congresso Regional de Cantadores de Viola – idealização de Rogaciano Leite e Ariano Suassuna-, assistiu a plateia vibrar com as peripécias dos cantadores do Pajeú agora viu o público ir ao delírio com Marinho, Greg e Miguel. Os convidados adicionaram um tempero que somente existe no nordeste: Arte limpa e pura.
É possível que estes falsos deuses que discriminam o nordeste e os nordestinos caso ouçam as músicas inseridas no referido CD mudem de opinião e passem a respeitar a terra que, como ensinava Quincas Rafael: “Pode viver sem precisar de ninguém”. 
Ouvindo e não mudando de opinião o melhor jeito de aumentar a inveja dessa “gente” é continuar dando exemplos. As figuras acima assim procederam. Concorrer com eles é impossível: SOMOS MUITO MELHORES.

Por: Ademar Rafael


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