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OPINIÃO DO PERNINHA,

Ruim com ele(s), pior sem ele(s)
Essa máxima é bastante antiga, mas, aqui em Recife, nunca esteve tão atualizada. Sentimos isso todas as vezes que os motoristas de ônibus resolvem fazer uma paralisação, a exemplo da que ocorreu na última semana de agosto. A crise recorrente no transporte de ônibus do Recife tem custado caro aos usuários de um sistema que há muito tempo se mostra saturado, ineficiente e de qualidade insatisfatória.
As paralisações últimas deflagraram transtornos que se repetem gerando revolta naqueles que dependem da prestação do serviço para se deslocar todos os dias de casa para o trabalho e vice-versa. Desta vez, o impasse envolveu o julgamento do dissídio da categoria pelo Tribunal Regional do Trabalho, que foi reformado por decisão do tribunal Superior, após recurso de uma das partes, os patrões, alegando falta de condições para conceder o aumento decidido na Justiça. Com o aumento reduzido de 10% para 6% pela instância superior, a pressão dos trabalhadores voltou a ganhar corpo, deixando exposta a desarticulação que penaliza diretamente dois milhões de pessoas, e afeta de algum modo a vida de outros milhões nos municípios integrantes do sistema.
Quando o pleno do Tribunal Regional do Trabalho julgou o dissídio coletivo dos motoristas de ônibus, no final de julho, recebeu elogios e o reconhecimento por ter sido ágil e equilibrado na sua decisão. Garantiu os 10% de reajuste e os 75% para o tíquete alimentação que os condutores reivindicavam e a greve, que durava três dias, acabou. O pleno do TRT resolvia, assim, não somente a paralisação, mas um conflito que prejudicava toda a sociedade. A decisão da Justiça Trabalhista agradou sobretudo ao usuário de ônibus, que é a grande parte da população da Região Metropolitana.
O clima de revolta mais uma vez toma conta da categoria por causa de decisão monocrática do ministro do TST, Antônio Levenhagen, que suspendeu o julgamento do TRT. Numa canetada só, ele desmoraliza a decisão de um colegiado e incentiva a população a desacreditar nas instituições democráticas.
Cada paralisação é um desastre econômico que transforma dias produtivos em quase feriados, e faz da população refém de um setor mal gerido. No fim das contas, o problema está no bolso dos usuários, dos empresários e dos motoristas e cobradores. Cabe ao poder público intervir para que se encontre um equilíbrio que permita ao sistema funcionar. E depois, que possa ter fôlego para os investimentos demandados por passageiros insatisfeitos.
É como escreveu na coluna repórter JC o jornalista Cícero Belmar: “é preciso pensar numa forma de subsídio ao transporte público, como ocorre em qualquer país que oferece esse serviço de forma decente.
Danizete Siqueira de Lima

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