A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, participou na noite desta segunda-feira (29) de comício no Recife ao lado da viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, e de quatro dos cinco filhos do ex-governador pernambucano, morto em acidente aéreo em Santos, em agosto.
Campos, que foi presidente nacional do PSB, era o nome escolhido pelo partido para disputar a presidência. Marina, que disputava na chapa como sua vice, teve a sua candidatura lançada após a morte trágica do político pernambucano.
Na noite desta segunda, no evento realizado no Cais da Alfândega, o filho homem mais velho de Eduardo Campos, João Campos, de 20 anos, foi um dos primeiros a discursar. Ele agradeceu o apoio que a família recebeu desde a morte do ex-presidente do PSB e se posicionou como herdeiro político do pai.
“Eu vejo que ele se transformou em uma grande referência política do Brasil e é por isso que eu estou aqui, porque eu devo isso a ele e devo ao povo de Pernambuco falar dos sentimentos que ele carregava”, afirmou em discurso emocionado, em memória do pai e pedindo votos a Marina.
Dos cinco filhos de Renata e Eduardo, apenas o mais novo, o recém-nascido Miguel, não esteve no comício. Também participaram do evento político nomes do PSB que compõem a chapa do partido no estado: Paulo Câmara, candidato ao governo, e Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro do governo Dilma e postulante ao Senado.
Ao discursar, Marina também prestou homenagem a família de Eduardo Campos, que ela disse ser motivo de “admiração e orgulho” para Pernambuco e para o Brasil. “Essa mulher forte [Renata Campos], corajosa, ela é uma grande mulher, que liderou junto com Eduardo um projeto nesse estado. Estava ajudando junto com ele, lado a lado, a liderar um projeto para o Brasil.”
Ela lembrou, ainda, o período em que decidiu formar aliança programática com o PSB de Campos, após ter tido o registro da Rede Sustentabilidade negado pelo Tribunal Superior Eleitoral. “Eduardo confiou. Sabe por quê? Porque geralmente a gente vê nos outros aquilo que a gente vê dentro da gente. O que a gente tem na gente, a gente vê no outro. E o que Eduardo viu em mim foi o que eu vi nele: a possibilidade de mudar o Brasil.”
Religião e programa de governo
Conhecida por parte do eleitorado por ser evangélica, Marina negou que já tenha usado de sua religião para fazer “palanque” político. “Me sustento também na minha fé, que aliás vem sendo muito combatida, tratada com preconceito por alguns. Olha, eu tenho quase 30 anos de vida pública. Ninguém nunca me viu instrumentalizando a minha fé. Eu nunca fiz do púlpito um palanque, como evangélica, e nunca fiz do altar um palanque quando era católica, meus irmãos pelos quais tenho muito respeito”, declarou.
Após o comício, em coletiva de imprensa, Marina criticou seus principais adversários por não terem apresentado ainda plano de governo. Nesta segunda-feira, por meio de bate-papo na internet, a campanha de Aécio começou a divulgar os planos de governo do candidato tucano. O programa da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff ainda não foi divulgado.
“Ninguém pode disputar a presidência de um país como o nosso sem apresentar um programa. Ou apresentar faltando cinco dias, seis dias para a eleição. Isso é um desrespeito com os brasileiros. É esse tipo de postura que vai fazer com que a sociedade brasileira faça mudança. Nós estamos tranquilos. A sociedade brasileira quer recuperar a confiança de que as coisas vão funcionar com honestidade, com competência”, disse Marina.
Mais cedo, Marina Silva também cumpriu agenda de campanha em Caruaru, Agreste do estado. A presença da postulante do PSB em Pernambuco não só reforça a campanha de Paulo Câmara, cujo principal adversário é Armando Monteiro (PTB), apoiado pelo PT, mas ainda busca conquistar votos para a própria candidatura presidencial.