O Governo João Lyra ainda não tem uma marca. Vice-governador leal de Eduardo em dois mandatos, Lyra assumiu um mandato tampão com a expectativa de vir a ser ungido pelo próprio Eduardo, que comandava a Frente Popular com mão de ferro, candidato à reeleição. Mas o ex-governador optou por um técnico, no caso o ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara.
Não foi um processo fácil. Em alguns momentos, Lyra pensou em não assumir, mas julgou que seria uma decisão traumática, que causaria um dano irreversível à Frente Popular. Cedeu e se convenceu que teria pela frente uma missão espinhosa – a de fechar as contas dos dois mandatos de Eduardo.
João quer encerrar o ciclo sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal e por isso mesmo faz uma gestão silenciosa, administrando com cuidado um leque de obras inacabadas deixadas pelo antecessor e tentando fazer o milagre da multiplicação dos pães para construir pequenas obras que tenham a sua marca.
Certo dia, tão logo tomou posse, ele me perguntou como homenagearia o Sertão do Pajeú, de onde este blogueiro berrou para o mundo. De imediato, sugeri para tirar do papel a restauração da PE-292, que liga o distrito de Albuquerquené, em Sertânia, ao município de Afogados da Ingazeira.
Lyra não disse nem sim nem não. Há 30 dias, entretanto, me ligou para comunicar que havia garantido os recursos para a estrada e ontem, ao pegar meu rumo sertanejo encontrei as primeiras máquinas na estrada fincadas nas obras. Não é um trecho grande. Tem apenas 40 km, mas é de fundamental importância para os 17 municípios do Pajeú.
Até porque faz a ligação da região com Recife. Ao longo do seu governo, Eduardo fez várias operações tapa-buraco, mas tão logo as chuvas chegavam as crateras se abriam novamente. Eduardo chegou a assinar a ordem de serviço do recapeamento, mas morreu sem ver a obra sair do papel, o que vira uma realidade pelas mãos de João Lyra.
Por Magno Martins
