O Instituto Ômega, que oferecia diplomas falsos de cursos de mestrado e doutorado para professores, usava os nomes das universidades federais de Pernambuco (UFPE) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos documentos. A instituição teve uma unidade fechada no último sábado (16) após a descoberta do esquema. Nesta segunda-feira (18), após mais de 20 vítimas procurarem a Delegacia de Proteção ao Consumidor (Decon), os investigadores descobriram a existência de pelo menos mais quatro polos da instituição no Estado do Rio: outros dois na Baixada e dois na zona oeste da capital, em Bangu e Campo Grande.
Para obter os diplomas, os professores pagavam entre R$ 300 e 500 de mensalidade, e o valor total de cada curso poderia chegar a R$ 12 mil. A Prefeitura de Duque de Caxias anunciou que todos os professores da rede municipal que apresentaram diplomas do Ômega terão suspensas as gratificações de 12% sobre os salários.
Titular da Decon, o delegado Ricardo Barbosa quer agora identificar, entre os cerca de 200 professores que fizeram os cursos em Caxias – com a descoberta dos novos polos, o número aumentará -, quem sabia do esquema e com isso se beneficiou. Os funcionários do instituto também estão sendo investigados. Para o delegado, houve no mínimo “descuido” da prefeitura em não apurar a legitimidade dos diplomas. Em nota, a administração rebateu: isso “não cabe à prefeitura”.
Preso no sábado, quando os policiais fecharam o instituto em meio a uma aula com 30 alunos, Sergio Aragão Filho confessou a farsa, segundo o delegado. “Ele já tem passagem por estelionato, em 2010, pelo mesmo tipo de atividade; até o nome do instituto era o mesmo. Ele confessou que modificava os diplomas no computador e os imprimia. Nos sites das instituições, copiava as grades curriculares dos cursos”, afirmou Barbosa.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul informou que os diplomas apreendidos em seu nome são “falsos e não correspondem aos padrões da UFRGS (o papel de nossos diplomas é fornecido pela Casa da Moeda e possui características de segurança)”. De acordo com a UFRGS, “trata-se de uma falsificação grosseira, sendo que apenas o nome do reitor, que é de domínio público, corresponde à realidade, embora a assinatura em nada lembre a verdadeira”. A Universidade Federal de Pernambuco não respondeu ao contato da reportagem da Agência Estado.
Indagado se faz algum controle para prevenir casos do tipo, o Ministério da Educação informou que o Ômega nunca foi credenciado e, por se tratar de “um caso de polícia, não de ensino”, não se manifestaria. Limitou-se a informar que o interessado em curso de mestrado ou doutorado deve, antes de se matricular,- consultar o site do MEC, que lista as instituições autorizadas.