Trabalhando no Palácio do Campo das Princesas há 36 anos, o subtenente da Polícia Militar Iranildo Mendes, de 60 anos, guarda boas memórias do tempo em que conviveu com o ex-governador Eduardo Campos, a quem chama de ‘agregador’. Na manhã desta quinta (14), um dia após a morte de Eduardo, Iranildo, também conhecido como “Cidadão”, chegou cedo ao trabalho, mesmo com o clima estranho no Palácio. Em tanto tempo no serviço, Iranildo também conviveu com Miguel Arraes, avó de Eduardo, quando ele estava no cargo de governador do estado.
“Tive o privilégio de trabalhar com Arraes nos dois últimos governos dele. Não fui do primeiro porque não tinha idade para estar como servidor público. Eu conheci Eduardo nessa época porque ele era secretário da Fazenda de Arraes. Ele sempre foi essa figura comunicativa, extrovertida. Eu acredito que ele herdou muito de Miguel Arraes e, por ser mais novo, modernizou muitas coisas, foi mais avançado, moderno, arrojado. Ele tinha uma visão de agregar pessoas ao seu lado. Era um agregador, é difícil encontrar pessoas assim”, conta o ‘Cidadão’. O apelido surgiu há muito tempo, porque é desse modo que Iranildo costuma chamar os colegas de trabalho e quem chega ao Palácio.
No momento que soube da morte de Eduardo, Iranildo estava no intervalo do almoço. “Eu pensei que fosse uma brincadeira. Ele era uma pessoa diferenciada no trato com o servidor público. Ele fazia questão de conversar com todos os servidores que ele encontrava no Palácio, independente do status”, relembra o policial.
Entre as recordações está um único registro em foto do ‘Cidadão’ com Eduardo Campos, no aniversário do ex-governador, há dois anos. “Ele me chamou na sala dele porque eu era o trabalhador mais antigo daqui. E aí fizemos a foto, foi um privilégio enorme. Até então eu nunca tinha tirado uma foto com o governador; nós como seguranças não podemos nos aproximar dele até esse ponto”, conta.
O ‘Cidadão’ guarda a foto com muito carinho. “Minha filha postou na internet porque ela tem muito orgulho disso, da história, desse momento. A morte dele foi uma data muito marcante, os funcionários choraram muito. Foi uma comoção para a gente que convivia com ele no dia a dia”, completa, emocionado. Iranildo acredita que vai estar trabalhando no momento em que os restos mortais de Eduardo forem velado no Palácio. Ele espera, então, prestar sua homenagem no último serviço para o ex-governador.