Eduardo Campos avaliou e selecionou pessoalmente os dois pilotos que compunham a tripulação do Cessna Citation que caiu em Santos há uma semana, matando o candidato e outros seis ocupantes do jato executivo.
Os dois tinham mais de 20 anos de experiência. O comandante Marcos Martins pilotava aeronaves Citation desde 2007. O último emprego do copiloto Geraldo Cunha antes de ser contratado para trabalhar na campanha de Campos foi a TAM.
O ex-governador de Pernambuco gostava de aviões. Segundo um técnico do centro de manutenção de Sorocaba, onde foi feita a revisão de rotina do jato PR-AFA há cerca de dois meses, os pilotos contaram que Eduardo Campos também fez ao menos um voo de teste a bordo do Cessna. Indicado pelo PSB para concorrer à Presidência da Republica em 14 de abril, Campos passou a usar o 560XL quase em seguida – às vezes, levava parentes nas viagens.
Campos preferia sempre sentar-se na fila da esquerda, na primeira poltrona, logo atrás da cabine de comando. A posição oferece mais espaço para as pernas e facilita contato direto com os pilotos. Havia também uma pequena mesa retrátil e conexão para computador portátil.
O presidenciável chamava Cunha de “meu bispo”, uma brincadeira com o nome completo do piloto (Geraldo Magela da Cunha) semelhante ao do cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito da Bahia.
Para amigos e assessores que voaram com ele, ficou a memória do homem calmo, que se imitava a experimentar o lanche disponível na pequena copa do avião e exigia foco na agenda de cada compromisso, revisando cada etapa exaustivamente.
A presença de técnicos da empresa fabricante do Citation, a americana Cessna, e da canadense Pratt & Whitney, responsável pelos motores, na investigação do acidente é normal. Especialistas do Cenipa, órgão da Aeronáutica que conduz o processo, têm controle de toda a operação. Segundo um oficial da área, “a contribuição dos estrangeiros limita-se ao fornecimento de informações”.