A acolhedora Rio Branco é a prova irrefutável que valeu a pena a luta dos seringueiros nordestinos e dos indígenas, sob a liderança do gaúcho Plácido de Castro, para anexar as terras acreanas ao território brasileiro em luta com o exercito boliviano, cujo litígio foi solucionado com o famoso “Tratado de Petrópolis” que imortalizou o Barão do Rio Branco.
Pena que seguimos na contra mão da história. Enquanto nossos concorrentes passaram a explorar o negócio da borracha no formato industrial nós continuamos a raspar os seringais com instrumentos da era medieval.
Caso seguíssemos a rota do desenvolvimento talvez Xapuri fosse hoje um polo industrial em vez de ser a “Meca” de ecologistas adeptos das ideias de Chico Mendes e seguidores de Marina Silva.
Nossa falta de atenção com a lógica desenvolvimentista deixou de criar, a partir de Rio Branco, uma saída para o Pacífico. Nossos vizinhos andinos acatariam o projeto e nossos produtos agropecuários do Mato Grosso, de Rondônia e do próprio Acre passariam a ter uma competitividade invejável.
Se no passado deixamos de materializar o sonho de ligar o Brasil ao Pacífico, nos dias atuais incentivamos o consumo dos produtos asiáticos, livremente comercializados na cidade de Cobija-Bolívia. Rio Branco continua isolada pela incompetência do governo central, poderia ser um corredor de exportação e não apenas um centro consumidor.
Encontrar bolivianos e peruanos nas ruas de Rio Branco e tão comum como encontramos paraibanos na feira de Tabira. A convivência entre os três povos é harmônica e está inserida no cotidiano da capital dos acreanos. Um detalhe interessante é que os jovens dos países vizinhos muitas vezes chegam “fardados” com as camisas do Flamengo, do Barcelona e também da Seleção Brasileira.
A capital do Acre, por meio do Palácio Rio Branco e do Memorial aos Autonomistas, apresenta-nos marcos históricos e grande acervo de “apetrechos” usados na exploração da borracha e nas batalhas em favor da autonomia do território. Através do Mercado Velho e da Ponte Metálica remete-nos ao passado e por via das Pontes Novas e do Portal da Maternidade devolve-nos ao presente.
Salta aos olhos, ainda, na cidade cortada pelo Rio Acre o Projeto OCA, ambiente onde são ofertados serviços de interesse coletivo e a Biblioteca Pública, com rico acervo cultural, aberta ao público.^
Por: Ademar Rafael