Uma questão de justiça
Na semana passada, neste mesmo espaço, ao comentar a amplitude do trabalho “Em canto e poesia”, dediquei especial atenção ao talento de Antônio Marinho.
Ao remeter uma cópia do texto para o “facebook”, do poeta recebi a seguinte mensagem: “Amigo Ademar Rafael Ferreira… Muito obrigado Esse trabalho não é só meu. Em Canto e Poesia é o nome do grupo que formo com meus irmãos. Greg no violão na voz e nos arranjos e Miguel na voz e no pandeiro. É só um registro porque não é um trabalho meu, mas coletivo. Com meus dois irmãos e mais uma equipe de músicos que nos acompanha…”.
A lucidez de Marinho neste lembrete advém de uma cabeça pensante que desde cedo coloca o coletivo acima do individual, característica esta também herdada e multiplicada em um cenário onde a individualidade e o estrelismo campeiam.
Sobre os irmãos Greg e Miguel escrevo agora, com a certeza que eles entenderão as limitações deste cronista, amante inveterado da arte praticada pelos filhos de Bia.
Marcos Vieira, músico de Itapetim que encanta os brasilienses com melodias produzidas em seu violão e em seu teclado, há algum tempo disse-me: “Papa, Greg filho de Bia é um músico indo e voltando, poucos ouvi tocar daquele tanto, com aquela idade.” Como Marquinhos é autoridade no assunto acreditei de pronto e constatei em diversos trabalhos que levam sua assinatura. Greg não é um músico apenas é um arranjador, um maestro e um poeta com talento raro.
Miguel é um percussionista que, por meio do instrumento que imortalizou Jackson de Pandeiro, soma-se aos dois outros irmãos para gerar um ambiente musical que tal qual os “dervishes” flutua em um eixo imaginário, incentivando-nos a criar imagens que nos aproxima dos deuses.
Narrar os instrumentos tocados por Greg e Miguel é missão impossível, o estoque de Hermeto Pascoal junto ao de Naná Vasconcelos fazem parte do cotidiano da dupla, contudo, o jeito pajeuzeiro de ser e tocar não permite comparações.
Além de Marinho, Greg e Miguel – como muito bem lembrado pelo poeta em sua mensagem -, atua no projeto uma equipe tão afinada quanto as vozes dos cantores. Eu, que vivo repetindo em minhas aulas nos cursos de administração, que não há espaço para carreira solo, cometi o ato falho de individualizar um trabalho de equipe. E que equipe!
Por: Ademar Rafael