Tempero do Forró
Eis que encontro novamente a voz do sabiá Bia Marinho em um trabalho musical que volta a retratar a força artística dessa mulher guerreira, de canto a adocicado e sorriso encantador.
Das tertúlias egipciense para o palco foi o caminho pedregoso, no primeiro LP “Zeto & Bia” mostrou as garras, em “Sabiá – Bia Marinho, escolhidas a dedo” fez mundo perceber grande evolução. No segundo
trabalho as interpretações das músicas de Zé Marcolino aparecem imponentes como castanheiras na floresta.
Ao ouvirmos “Estrada”, “A cura”, “Retalhos de Rezadeira”, “Um veio d’água do Rio Pajeú”, “Maria das Graças” e “Cidade Grande”, criações de Zé Marcolino, Anchieta Dali/Bia Marinho, Abdias Campos, Maciel Melo, Jansen Filho/Chico Bandeira e Petrúcio Amorim, respectivamente, somos transportados para o mágico mundo da perfeição musical. Distante, muito distante mesmo do que somos obrigados a ouvir nos programas televisivos e nas FM’s da vida.
“Tempero do Forró”, da lavra dos Geraldos Azevedo e Amaral inicia a coletânea do último trabalho de Bia Marinho. “Parindo Estrelas”, de Anchieta Dali segue o modelo consagrado pela cantora: Grife sertaneja.
As interpretações nas melodias de sua autoria: ”Espera”, “Se eu soubesse”, “Sonho de nós dois”, “Adeus” e “Querência”, a primeira em parceria com Bebel e a última em parceria com o filho Greg Marinho e Nuca Sarmento, são revestidas de um magnetismo difícil de descrever, somente ouvindo somos capazes de sentir, medir a força jamais.
“ Vem meu bem”, de Bebel; “Olhar de bem”, de Zeto; “Jarim de fulô”, de Xico Bezerra e Cicinho do Acordeom; “Trem da Vida”, de Carlinhos Vergueiro, Fernando Jaburu, Lêda Valença e Fátima Bandeira e “Terreiro/Queima Fogueira”, de Miguel Marcondes e Luís Homero juntam-se as demais faixas que Bia Marinho nos presenteia com sua voz plural.
Completando a obra temos “Forropé”, de Zeto e Bia Marinho, música que faz parte do LP “Zeto & Bia”, do CD “Sabiá – Bia Marinho, escolhidas a dedo” e do CD “Tempero do Forró”, mas, nesta última versão vem ao lado de “Juliana” de Zé Marcolino, em uma única faixa. O estilo único de Marcolino em universalizar o simples, em extrapolar todos os limites com o singelo recebe o sopro vocal de Bia Marinho para cruzar todas as fronteiras. É sob o ponto de vista deste cronista o ponto mais alto do trabalho.
Obrigado Bia Marinho, nosso Sabiá.
Por: Ademar Rafael