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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Trilogia de “responsa”
O tabirense Ivo Mascena Veras deu-nos de presente uma trilogia de livros sobre três dos maiores cantadores de viola do nordeste.
O primeiro, com o título “Pinto Velho do Monteiro – O maior repentista do século”, publicado pela Editora CEPE, em 2002, resgata versos e histórias daquele cuja britadeira de rimas triturou vários adversários pelo sertão afora.
O segundo, intitulado “Lourival Batista Patriota”, também da editora CEPE, datado de 2004, registra parte da obra do rei dos trocadilhos, que no próximo ano São José do Egito comemorará seu centenário. Nesta 
publicação, a partir de página 303 adiciona versos de outros poetas do Pajeú.
O terceiro, “Antônio Marino do Nascimento – O precursor dos repentistas de São José do Egito”, sobre a história do cantador do Angico Torto, descortinando um leque infinito de estrofes e “estórias” não identificadas em outro torrão. 
Com um estilo de escrita peculiar Ivo não se prende somente a figura retratada em cada livro, faz um apanhado sobre o entorno do poeta, falando de família, amigos e especialmente o mundo em que habitou.
Caso o leitor queira versos encontrará, caso busque relatos do cotidiano dos sertanejos achará em abundância e se estiver à procura da cultura amplificada e produzida por um povo criativo por excelência identificará com facilidade.
As obras fogem do lugar comum das biografias “fabricadas” em direção ao politicamente correto, narram versões onde dificuldades são superadas com traços de heroísmo mixados com um auto aprendizado que surge na espontaneidade e na pureza do homem do sertão. 
As situações trazidas do mundo exterior, para enriquecer os relatos, não reduzem o poder do fogo dos poetas, pelo contrário faz com que suas criações ganhem destaque. O propósito do escritor em temperar 
os relatos com especiarias vindas do chão sertanejo, fincando-os ao solo onde produzidos, dá guarida a tese de que as fronteiras entre Pernambuco e Paraíba, nas regiões Cariri e Pajeú geram uma cultura tão 
consistente que modismos não apagam.
Que os escritores da região assumam a lacuna deixada por Ivo Mascena Veras e iniciem escavações para extrair as joias deixadas pelos poetas de agora, com o intuito de presentear as gerações futuras com publicações da espécie. Que os presentes deixados por Ivo sirvam de incentivo.

Por: Ademar Rafael 

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