Em canto e poesia
O trabalho que nos apresenta Antônio Marinho, intitulado “Em canto e poesia” não é somente um CD com uma rica coletânea. Trata-se de um Projeto Musical.
Este projeto cabe no Pátio do São Pedro, Teatro Santa Isabel e no Marco Zero, em Recife; tem espaço nos Teatros da Paz em Belém e Amazonas em Manaus; sustenta-se na Feira de São Cristóvão – Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro; no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo ou em qualquer outro espaço em nosso país.
O que legitima tal projeto? Por limitação não tenho capacidade de nominar todas as variáveis que colocam o citado projeto em patamar elevado, os registros a seguir sevem para dar um rumo, jamais respondem a indagação.
O título do livro do jovem poeta Vinícius Gregório: “Hereditariedade”, explica parte do enigma. Antônio Marinho é neto de nada menos que Lourival Batista e de Helena, filha de grande Antônio Marinho seus pais
Zeto e Bia dispensam apresentação. Mas, o jovem poeta não ficou na sombra da fama dos seus parentes famosos, criou um estilo próprio.
Sua voz abraça o interlocutor, um contorcionista do famoso “Cirque du Soleil” terá muita dificuldade de acompanhar Marinho em palco, uma interpretação sua é única, pessoal e intransferível.
Lirinha, em Cordel do Fogo Encantado, presenteou aos amantes da cultura verdadeira com performances espetaculares, Marinho superou tudo com uma personalização impossível de ser copiada. No palco
tem a suavidade de um poeta de “Cancão” e a densidade da obra de “Rogaciano Leite”.
As quatorze faixas que compõem o CD foram geradas no mais fértil útero da poesia nordestina: O Pajeú da Flores. As criações de Greg, Marinho, Zeto, Lamartine Passos, Nõe de Job, Didi Patriota, Biu de Crisanto, Bia, Sales Rocha, Zé Rabelo, Anchieta Dali, Rafaelzinha, Dimas Bibiu, Zé e Manoel Filó, Lourival e Otacílio Batista, Pinto do Monteiro, Vitor Moneiro, Luiz Homero, Miguel Marcondes, Domingos Accyoly, Jucélio Vilela, Job Patriota, Manoel Chudu, Antônio Pereira, Graça Nascimento, Tales Ribeiro na voz de Marinho ficam em uma altura que as mãos da cultura mecanicista, bancada por grande legião de alienados, não alcançam.
Este menino cria, canta, interpreta e move-se em palco como gente grande, aliás desde criança teve grandeza para assumir sua parte no latifúndio da cultura da nossa terra sem preocupação com os modismos
impostos. Vida longa ao herdeiro do “encanto” egipciense.
Por: Ademar Rafael