Distante cerca de 40 quilômetros do centro de Salgueiro, cidade do Sertão pernambucano, encontra-se o povoado de Santana 3, que foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) como uma comunidade remanescente de quilombos. São cerca de 72 famílias que vivem da agricultura e da pecuária. Depois do reconhecimento, a comunidade precisa de investimentos em serviços de saúde e educação.
De acordo com a agricultora, Maria Carmelita dos Santos, a comunidade é de descendentes de Luciano, um negro que pode ter chegado ao local foragido de fazendas da região. “Os mais velhos dizem que todos são descendentes de Luciano. Ele deve ter vindo fugido. Nós carregamos traços e as características do povo negro”, conta.
O território de Santana 3 tem 2.080 mil hectares, formada por duas áreas nos municípios pernambucanos de Salgueiro e Cabrobó. O reconhecimento foi publicado em 2 de maio pelo Incra em Diário Oficial da União (DUO). A partir a publicação da portaria é preciso aguardar a Presidência da República publicar um decreto para a desapropriação do terreno.
Segundo a líder comunitária Senilda Francisca da Silva, o reconhecimento foi tardio. “O processo começou nos anos 1990, mas apenas foi documentado em 2006, quando enviamos a documentação para a Fundação Cultural Palmares”, explica.
Ela conta que o processo de reconhecimento traz mais segurança para os moradores da comunidade. “Com a documentação do nosso território, isso ajuda que ele não seja invadido e a gente continue no mesmo espaço que sempre viveu”, argumenta.
Apesar do reconhecimento, a comunidade enfrenta dificuldades para ter acesso a serviços básicos, como saúde e educação. A agricultora Francisca Maria Fernandes conta que a maioria precisa recorrer a esses serviços em outras localidades. “Não tem posto de saúde. Quem precisa vai para lá para a comunidade de Pau Ferro. Se tiver médico, a gente é atendido, se não volta para trás. Também não tem escola. Quem quer estudar precisa ir para o Distrito de Umãs”, relata.
Outro problema que os quilombolas enfrentam é a obra de Transposição do Rio São Francisco, que dividiu a área da comunidade ao meio. “Para gente ter uma faixa de terra que foi cedida para transposição, perdemos alguns pontos históricos, alguns marcos que eram importantes e que acabamos perdendo”, ressalta Senilda.
A assessoria de imprensa da cidade de Salgueiro-PE informou através de nota que a comunidade de Santana tem seu atendimento ligado ao Distrito de Pau Ferro, onde existe uma Unidade de Atendimento através da Estratégia de Saúde a Família. Já as crianças estão sendo cobertas pelas escolas que estão localizadas na sede do distrito, situado a uma média de quatro quilômetros da comunidade.(Juliane Peixinho Do G1 Petrolina)