Dados do Secretaria de Saúde de Petrolina, Sertão pernambucano, informam que a cidade está com quase sete vezes mais casos de hanseníase acima do número recomendado pelo Ministério da Saúde. O índice aceito é de 10 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto Petrolina tem 65 casos para 100 mil pessoas.
Segundo o técnico em Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Petrolina, Francisco Freitas, no ano passado a cidade registrou 213 casos de hanseníase, por isso área é considerada hiperendêmica quando se trata da doença.
Para Francisco, vários fatores contribuem para o aumento no número de registros. “Os casos vêm aumentando, mas parte disso se deve às campanhas de combate à doença que identificam os casos já existentes. A hanseníase tem um longo tempo de incubação, muitas pessoas não sabem que possuem a doença”, explicou o técnico ressaltando que ainda existem fatores históricos, geográficos e sociais que facilitam a proliferação da bactéria.
A ‘Campanha Nacional de Hanseníase e Geo-helmintíase’ foi iniciada em Petrolina. Na cidade, a iniciativa se estende até 31 de agosto e pretende identificar incidência em crianças e adolescentes para iniciar o tratamento gratuito logo após o diagnóstico. O público alvo da campanha são crianças e adolescentes de 5 a 14 anos.
Onze escolas da rede pública do município foram escolhidas, baseadas na quantidade de alunos, para receberem o material enviado pelo Ministério da Saúde. Esse material inclui cartazes, panfletos e material didático para ensinar aos estudantes de forma lúdica sobre as doenças.
No período de 7 de julho a 31 de agosto, os pais vão receber uma ficha de autoimagem sobre hanseníase, ou seja, uma espécie de modelo para comparar com possíveis manchas na pele dos filhos. No caso das geo-helmintíases (verminoses), os responsáveis podem escolher se os filhos vão receber o tratamento ou não.
Após a identificação das possíveis enfermidades, os estudantes vão iniciar o tratamento. No caso da hanseníase os testes de sensibilidade da pele e outros exames necessários para confirmar a doença vão acontecer nos postos de saúde. Já os alunos que possuem verminoses vão poder tomar o medicamento diretamente na escola.
Segundo o técnico Francisco Freitas, o tratamento das verminoses é muito simples, bastando apenas uma dose do medicamento. “Na cidade, a ascaridíase e a ancilostomose são as verminoses de maior incidência na região. Essas doenças interferem negativamente no rendimento do aluno, podendo causar desnutrição, anemia, além de reduzir o ânimo dos estudantes”, explica.