Eu já vi esse filme, e você?
O Jornal do Commércio, datado de 14 de maio, trouxe em sua primeira página uma notícia que despertou a minha curiosidade. E não foi pela matéria mas – e principalmente – pelas circunstâncias em que as coisas acontecem.
Dizia a matéria: Transposição trouxe Dilma até Pernambuco.
É ou não é cômico?
Após quase um mês após sua visita a Pernambuco, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT),
desembarcou no dia 13 em Cabrobó, no Sertão. O motivo da visita oficial foi a inauguração de uma estação de bombeamento do projeto de transposição de águas do Rio São Francisco. A cidade é considerada “marco zero” do projeto. A agenda do dia foi dedicada à vistoria das obras do empreendimento em três estados.
De Pernambuco ela foi conferir a conclusão de uma barragem na cidade de Jati, no Ceará. E terminou com a inauguração do túnel Cuncas II, de quatro quilômetros de extensão, na Paraíba. A transposição é bandeira política das gestões petistas de Dilma e Lula. Além do simbolismo de Cabrobó para o projeto, a cidade é chefiada por um prefeito do PSB, Auricelio Torres, partido do ex-governador Eduardo campos.
Sabemos que no governo Dilma, a também chamada integração do Rio São Francisco andou devagar. As obras avançaram pouco mais de 9% em 2013, ano em que foi divulgada a retomada das obras pelo
Ministério da Integração Nacional – em todos os seus trechos. Se continuar no mesmo ritmo, o governo federal vai levar, pelo menos, mais cinco anos para concluir o empreendimento, que consiste na construção de dois grandes canais: o Eixo Leste – começando em Floresta e indo até a cidade de Monteiro na Paraíba – e o Eixo Norte, com 260 km, ligando Cabrobó até Jati, no Ceará.
Pelo projeto original, toda a transposição deveria ter sido concluída em 2012. Em sete anos, ela alcançou apenas 54,7% de execução. A nova promessa do Ministério da Integração Nacional é avançar 30% só em 2014 e entregar 100 quilômetros de cada canal este ano. Até lá é esperar para conferir.
Particularmente, não me sobra nenhum motivo para acreditar nas promessas de um governo que nos engana há tanto tempo. Por outro lado, para que pressa com uma obra que se arrasta há quase doze anos e que tem rendido tantos votos ao partido e ainda poderá render muito mais?
Por aqui bastam as chuvas darem uma trégua para presenciarmos as lamúrias, o chororô incessante e a procura de favores, prática das mais conhecidas entre os sertanejos onde a sobserviência é usada como moeda de troca. E os nossos políticos, inescrupulosos em sua maioria, sabem muito bem tirar proveito de nossas mazelas para se perpetuarem no poder.
Danizete Siqueira de Lima.
