Home » Crônicas de Ademar Rafael » CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Acontecer
Esse é nome do trabalho musical de Tonfil. Mas, quem é Tonfil? Um filho de São do Egito, Estado de Pernambuco. A única cidade do mundo que é cultura em tudo, que pode sobreviver saciando-se com a cultura gerada nos gestos e nas ações de um povo diferente. Somado a isto tem com avós Seu Neco e Dona Vitória pelo lado do Pai Antônio José e Lourival Batista e Dona Helena por parte de Maria Helena. Sobrinho do Zá, Val, Bia, Hilário, Branquinho, Zé Carlos, Flávio, entre outros.
Criou-se ouvindo cantorias de viola e canções de Zeto, Chico Arrudae Lostiba. Desde cedo se revelou dono uma voz diferenciada. Nela encontramos a maciez do algodão mocó e a doçura do mel de mandaçaia.
Com uma origem desta e uma capacidade interpretativa extraordinária não poderíamos esperar outra coisa. O talento revelado é a materializaçãodo que fora escrito, em mármore, desde os tempos idos.
Destacar faixas no CD é correr o risco de esquecer algo importante que a limitação deixa passar. Mesmo assim arisco-me trazer a relevo além da música título o soneto de Rogaciano Leite, “Cantar e Sorrir”. Sua musica, da lavra de Socorro Lira, é absorvida pela voz de Tonfil em uma troca comparável somente na cena percebida naqueles dias que lua cisma em sair mais cedo para assistir o pôr do sol. Não há como dizer quem tem mais beleza, quem se impõe.
Na música “Segredos de Sementes”, a frase “A poeira é a vontade que o chão tem de voar” aparece como uma das pérolas que a cancioneiro sertanejo joga “nos peitos” do mundo intelectualizado dizendo: Aqui 
não há limite, nossa capacidade de criação extrapola a estética que suas academias insistem em doutrinar.
Vinícius Sarmento e Greg Marinho principais músicos da coletânea remetem nossa atenção para um universo melódico que alcança outro tanto do que acreditávamos existir, isto é, ultrapassa nossa capacidade
de medir talentos musicais.
As criações de Lamartine Passos, Didi Patriota, Nõe de Job, Xico Bezerra, Maria da Paz, Nuca Sarmento, Petronildo, Fred Didier, Zeto, Anaíra Mahin, Bia e Antônio Marinho através da voz de Tonfil flutuam sobre o lendárioRio Pajeú que do seu leito seco faz nascer um turbilhão de cultura que fomenta talentos desprovidos da ganância pelo sucesso fabricado nas hipócritas mídias do mundo capitalista.
Os instrumentais convivem com as demais faixas em uma harmonia que nos transporta para o trabalho do imortal Ariano Suassuna nos anos 70, ao juntar o erudito ao popular no Projeto Armorial.
Por: Ademar Rafael 

Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários