Um freio nas organizadas
Quem mora em Recife e acompanha o futebol pernambucano tem conhecimento do pânico que a nossa capital viveu no dia 6 de março (1ª quinta feira do mês), dia de grande clássico envolvendo Santa Cruz e Sport. No balanço geral foram apresentados carros particulares destruídos, portões de residências postos abaixo, pedras atiradas contra policiais, um homem agredido a pauladas, uma mulher ferida no rosto e um rojão aceso e arremessado de dentro de um ônibus. Isso foi o que as lentes das câmeras de nossa imprensa conseguiram alcançar mas, o estrago foi muito maior se levarmos em conta as cenas de guerra no Centro do Recife envolvendo centenas de membros das duas torcidas e um forte efetivo da gloriosa PM.
A única coisa certa em tudo que ocorreu é que apenas nove torcedores (se é que podemos usar esse termo) foram levados à delegacia e depois liberados sem maiores consequências, numa total convicção de que no próximo clássico estariam livres para mais uma selvageria. E nós, pobres mortais, continuamos reféns do medo, evitando passar por corredores importantes como a Avenida Agamenon Magalhães, Conde da Boa Vista e ruas adjacentes, pelo menos uma hora antes e duas horas depois de cada jogo.
Contraditoriamente, o governo que se destacou como o único do País em 2013 a reduzir a taxa de homicídios é o mesmo que não consegue impor rigor às gangues das organizadas. O problema está cada vez mais sério e urge que sejam tomadas medidas efetivas, envolvendo clubes, federação, polícia, sociedade organizada e o mais importante: a presença do Estado que deverá dispor dos mecanismos legais e eficientes para que a paz volte a reinar e o cidadão pernambucano, quer seja torcedor, ou não, tenha salvaguardado o seu direito de ir e vir, conforme assegurado em nossa Constituição.
Sabemos que por decisão da justiça as “organizadas” foram proibidas, mesmo que temporariamente, de entrarem nos estádios, mas aí cabem algumas perguntas: 1) – Por quanto tempo vigorará a proibição? 2)- Além dessa medida, que estudos estão sendo feitos para mudarmos essa realidade? 3)- Que órgãos/instituições estão envolvidos nesse processo de mudança? Quais as surpresas para os próximos clássicos?
É bom agirmos na busca de soluções, pois estão começando os campeonatos brasileiros, séries A e B, e os torcedores vão querer ir aos estádios prestigiarem os seus clubes e a única coisa que eles pedem em troca é um mínimo de segurança para si e para os seus familiares.
A nossa justiça deve está consciente que vandalismo é vandalismo e que bandidos travestidos de torcedores devem ser tratados sob os rigores da lei. Enquanto o castigo para esses “fora da lei” seja a simples assinatura de um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), eles se sentirão cada vez mais cobertos com o manto da impunidade e voltarão a agir conforme suas próprias regras, enquanto a sociedade ficará trancafiada em suas residências deixando de vibrar com as cores dos seus clubes e muito menos prestigiar um bom futebol, essa paixão nacional, que corre nas veias de cada brasileiro.
Danizete Siqueira de Lima
