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PEDRO EUGÊNIO FALA SOBRE OS 50 ANOS DO GOLPE MILITAR NO BRASIL

No dia 31 de março, o Golpe Militar de 1964 completa 50 anos. O deputado Pedro Eugênio (PT-PE) relatou ontem (26), em Plenário, fatos que marcaram sua vida e estão relacionados a este episódio da História do Brasil. Confira o discurso:

Sr. Presidente, caros colegas, quero falar hoje sobre os 50 anos do golpe militar, acontecimento que marcou a história do País, marcou negativamente e muito nos ensinou sobre a importância de preservarmos as liberdades democráticas, sobre como é importante a luta do povo e a união de todos para fazer esta construção, e como é terrível quando se perde a condição de conservá-la e um país como o Brasil viveu a partir de 64, durante mais de 20 anos, na escuridão.

Quero falar sobre este acontecimento, porque entendo que este momento é o momento de lembrarmos aos mais jovens como é duro e terrível viver sob uma ditadura. Como é terrível chegar à escola, à universidade, à escola de ensino médio e não encontrar um diretório funcionando, porque todos os diretórios tinham sido fechados.

Como é terrível ver, Sr. Presidente, como eu vi, os diretórios da Universidade Católica serem literalmente destruídos por tratores, serem fisicamente arrasados! Como é terrível ver alunos e colegas serem perseguidos, caçados, simplesmente por fazerem política, a maior escola que alguém pode ter: fazer política estudantil e aprender o que é cidadania!

Como foi terrível ver o nosso companheiro Cândido Pinto de Melo, Presidente da UEP, ter que viver na clandestinidade e receber um tiro na coluna, na Ponte da Torre, em Recife, tendo sido vitimado, ficando paraplégico — tiro desferido pelo Major Ferreira, do CCC, braço clandestino das forças reacionárias.

Eu mesmo, Sr. Presidente, passei pelo infortúnio de ser preso no DOI-CODI por fazer militância política no movimento estudantil. Sofri na pele a tortura física e mental de ser privado do convívio com a família, vivendo absolutamente à margem da lei. Senti que o Estado brasileiro cumpriu, naquele momento, a triste missão de ser delegado de interesses externos, impondo ao povo brasileiro o tacão, a truculência, a violência e o impedimento da militância política legítima.

O Governo legitimamente eleito de João Goulart foi deposto porque os militares não queriam, naquele momento, permitir que o povo brasileiro seguisse no caminho das reformas, modernizando o País, fazendo uma reforma agrária. Nada do que diziam ser subversivo era verdade. Era apenas a vontade do povo de participar, democraticamente, e fazer com que o País, que ainda hoje tem indicadores fortes de desigualdade, caminhasse pelo caminho da igualdade e do respeito aos movimentos sociais e políticos do nosso povo.

Quando falo dos militares, não falo com ranço. Estudei 7 anos no Colégio Militar. Meu pai era coronel aposentado do Exército Brasileiro. Aprendi a respeitar o Exército Brasileiro e a ver, pelo exemplo de meu pai, a farda verde-oliva como um exemplo de compromisso com a cidadania, que era o compromisso do meu pai, Nadir Toledo Cabral, que faleceu antes do golpe.

No entanto, ele nos ensinou, enquanto viveu, que ser militar era ser responsável por defender bandeiras que diziam respeito às necessidades do nosso povo: defender a liberdade, defender a democracia. Esse Exército democrático eu conheci e, hoje, temos um país democrático. E tenho certeza de que do Exército, das Forças Armadas não esperamos mais do que continuar a ser respeitadoras da democracia, como são hoje.
É importante caminharmos em direção a uma grande conservação nacional, em que nós não tenhamos lugar para permitir que aqueles que praticaram crimes continuem impunes. Não guardamos nenhum ranço e nenhuma vontade de fazer vingança, mas apenas o desejo de fazer com que, através das Comissões da Verdade, a verdade venha à tona.


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