MULHER DE NINGUÉM
Da vida entregue ao fúnebre vai e vem,
Ei-la jogada ao pélago profundo,
Aqui o tédio e o luto! Maia alem,
Do desengano, mergulhada ao fundo.
Recebendo a desgraça que lhe vem,
Sem jamais libertá-la um só segundo,
A miserável filha de ninguém,
Perece nos monturos deste mundo.
Passa a noite bebendo e, na bebida,
Vê mergulhada a sua própria vida,
Vida cheia de cinza e de fumaça.
Sente, no horror de um sonho libertino,
Que a desgraça menor do seu destino,
É maior que o destino da desgraça.
Jansen Filho