Sob o silêncio dos deputados do PT e do PTB, a nova oposição na Assembleia Legislativa, que não contestaram as suspeitas – nem saíram em defesa do governo Dilma –, parlamentares da base do governo Eduardo Campos lançaram insinuações de retaliação política do governo federal, ontem, ao denunciarem a paralisação do projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe. Os governistas acusaram a falta do repasse de R$ 46 milhões para o projeto pelo Ministério das Cidades, via Caixa Econômica (CEF), dinheiro que deveria ter chegado em dezembro. Sem explicação da União, a base do governo assegura que não há impedimento técnico que justifique o atraso.
O questionamento da retenção do repasse, que gerou a paralisação das obras do projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe, pelo Consórcio ETC-Guaiba, foi feito pelo ex-petista Isaltino Nascimento ( PSB), ex-secretário dos Transportes. “Estamos esperando que a União faça a sua parte. Pernambuco fez a sua. Nossa expectativa é de que não seja rinha política, mas só a burocracia de início de ano. É um projeto antigo que Eduardo tirou do papel”, cobrou Isaltino. “É inimaginável, hoje em dia, que use recursos públicos para prejudicar um governo. Quero crer que não é isso (retaliação político-eleitoral). Seria a velha política demais”, insinuou o líder Waldemar Borges (PSB).
Tornar o Capibaribe navegável faz parte do Programa Rios da Gente, para melhorar a mobilidade no Recife, e abrange a construção de estações de passageiros. A previsão era concluir a primeira etapa até julho próximo. “O projeto custa R$ 190 milhões. A rota Oeste (Centro/BR-101) está com a dragagem 80% concluída. São R$ 71 milhões, o Estado já aportou R$ 25 milhões, restam os R$ 46 milhões da União”, disse Isaltino.
Sem o dinheiro, o consórcio paralisou as obras. A estimativa era de que em setembro seriam começados os testes com os barcos e estações.