Mudou pouco?
Na orelha do livro 1889, de Laurentino Gomes, encontrei o seguinte texto: “O imperador Pedro II, um intelectual respeitado, governou um país dominado pela escravidão, pelo analfabetismo e pelo latifúndio”.
Neste novembro, 124 anos depois, a situação do Brasil tem muito haver com o que existia na época da Proclamação da República, analise comigo.
Há um pouco mais de 10 anos tivemos como governante outro Imperador, Fernando II, também um intelectual respeitado, que como o anterior tinha a cabeça e o coração no exterior e na “modernidade”. Pedro II comprou o telefone, Fernando II vendeu.
A escravidão foi ampliada. Se no tempo da instalação da república recaia somente sobre os afrodescendentes, no Brasil contemporâneo os escravos estão espalhados pelas favelas, sertões e guetos. São os dependentes dos favores governamentais, os que foram excluídos de todos os processos em que habitem cidadania e dignidade, muito deles sequer tem o registro civil.
Nos idos de 1889 as pessoas eram divididas entre os que sabiam ler e os que não liam coisa alguma. Nos tempos modernos ao primeiro grupo foi adicionado o contingente formado pelos analfabetos funcionais. Tudo sob as bênçãos de um Estado cujos “mandarins” são beneficiários da exploração da ignorância.
E os latifúndios? Os movimentos sociais cuidaram dos latifundiários convencionais que estão um pouco em baixa, a União Democrática Ruralista (UDR) não deu conta de protegê-los. Neste quesito houve um deslocamento. Podemos encontrar verdadeiros latifúndios na indústria farmacêutica, na comercialização de planos da saúde, na mineração, na construção civil, nos transportes, nas comunicações, no sistema financeiro, no sistema de ensino privado e em outros setores que o Imperador Fernando II deu musculatura para explorar o país e seu sofrido povo.
Para os países centrais continuamos uma republiqueta de bananas, usuária de produtos chineses e “vigiada” pelos americanos.
Por: Ademar Rafael