O dinheiro e a missão.
Entre as diversas frases de Leonel de Moura Brizola tem uma que me acompanha na vida: “Pior que a falta de recursos no setor público é quando gastamos mal”.
Até os postes tem conhecimento que a saúde no Brasil é um poço sem fundo, não há recursos suficientes e quando há gastamos muito mal.
Recentemente numa prestação de contas da Organização Médicos sem Fronteiras (MSF), encontrei um demonstrativo com as informações a seguir:
Com R$ 440,00 os MSF ofertam 10 dias de hospitalização ou 25 dias de tratamento em domicílio para 5 adultos. Por este valor um hospital público não oferece vaga nem no necrotério e no caso de tratamento no domicílio não dar nem para passagem do coletivo.
Com R$ 49,00 é feito o tratamento combinado de artesunato (ACT) contra malária para 23 adultos. Munido destes recursos um paciente brasileiro não encontra guarida nem em uma destas farmácias populares, talvez com muito esforço dê para fazer um chá caseiro. O gás de cozinha e o açúcar consumirão os trocados.
Por último dizem os MSF que a importância de R$ 96,00 é suficiente para realização de 100 testes rápidos de malária. Em nosso Sistema Único de Saúde (SUS) gastaríamos o valor somente para cobrir os custos com a compra da espátula, conhecida como abaixador de língua.
Não resta dúvida que a organização MSF conta com os serviços de voluntários e com doações, mas, a pergunta que não cala é: Por que o custo da saúde pública supera todas as expectativas?
Para tentar responder esta indagação teríamos que utilizar o espaço de várias crônicas e com certeza ficariam muitas dúvidas.
O certo é o dinheiro quando é utilizado para algo onde o sentido da missão é maior do que a remuneração pelos produtos e serviços rende muito mais, em processo inverso transforma-se, como diz o sambista, em vendaval.
Por: Ademar Rafael