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MPPE PODE INVESTIGAR DEPUTADO

A Procuradoria Geral de Justiça recebeu ontem da Promotoria da Infância e Juventude de Olinda pedido de investigação de tráfico de influência praticado pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Guilherme Uchoa. Segundo o ofício, ele teria intercedido por um casal formado por uma carioca e um norte-americano em um processo de adoção de uma criança. No documento são citados indícios de influência do parlamentar nos poderes Judiciário e Legislativo e que chegou ao Executivo com o pedido de arquivamento do inquérito policial que apurava denúncia de falsidade ideológica contra o casal e a filha do deputado, Giovana Uchoa.

No documento, a promotoria diz que o referido inquérito foi prejudicado por falta de autonomia da Polícia Civil, ressaltando que a delegada Andréa Melo (foto), concluiu o caso em tempo recorde (menos de 15 dias), sem ouvir todos os envolvidos (faltaram Giovana, o marido dela e um funcionário da Paróquia de São José). Os três foram investigados por fornecer um nome e um sobrenome falsos da menina no batismo.

“(A delegada) reconheceu a autoria e materialidade do crime, mas concluiu que os envolvidos não poderiam ser punidos, pois não estava presente a culpabilidade, já que se sentiam realmente pais da menina”, diz a promotoria. O ofício destaca ainda que “os delegados da Polícia Civil em Pernambuco (…) não conseguem trabalhar com autonomia, pois facilmente são alvos de pressões políticas e até de tráfico de influência”. A Central de Inquéritos de Olinda deve decidir até o fim desta semana se pede novas investigações, arquivamento do processo (como sugeriu a delegada) ou denuncia os suspeitos.

No documento, a promotoria relata ao procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Agnaldo Fenelon, o passo a passo de todo o processo de adoção, apontando as possíveis irregularidades. A suposta influência dpresidente da Assembleia no Poder Legislativo, inclusive, resultou no arquivamento do pedido de investigação feito à Comissão de Ética Parlamentar pela promotoria após descobrir que o médico Aldo Mota atendeu a criança no Hospital Tricentenário e que o advogado Joaquim Pessoa Guerra Filho foi responsável pelo pedido de guarda feito em nome do casal beneficiado. Os dois profissionais são lotados na Assembleia. O pedido chegou a ser repassado à Mesa Diretora da Casa, que também decidiu não investigar as denúncias.

Ontem à noite o Diario tentou contato com o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, para saber se o mesmo já havia analisado a documentação entregue pela promotoria, mas não conseguiu falar com ele. (Diário de Pernambuco)


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