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CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

Trânsito que mata
Roberto da Matta, em seu livro “Fé em Deus e Pé na Tábua – Ou como e por que o trânsito enlouquece o Brasil” revela uma terrível fotografia do trânsito em nosso país. O famoso antropólogo detalha o comportamento das pessoas quando estão na condição de pedestre, guiando uma bicicleta, uma moto ou um carro. Em cada momento temos um comportamento e uma expectativa diferente.
Quando uma pessoa morre fazendo um “pega” foi em função de dose exagerada de irresponsabilidade e loucura, no momento em que o óbito advém de uma ultrapassagem irregular ou avanço em sinal fechado percebe-se que as aulas de direção defensiva e de cidadania foram gazeadas pelos condutores, ao vermos uma morte causada por imprudência do pedestre que ignora a passarela e cruza uma avenida sem proteção percebe-se um tipo de suicídio involuntário.
Exigir colocação de faixas de pedestre, construção de ciclovias e outros arranjos da engenharia urbana, sem educar e punir exemplarmente os infratores é continuar enchendo as clinicas ortopédicas e os cemitérios com as vítimas do sistema. A pergunta que não quer calar é: Quem é mesmo este tal de trânsito? O trânsito é cada um de nós, nobre leitor.
Uma legislação fajuta, um sistema de fiscalização alimentado pela indústria da multa e por corruptos e corruptores, infraestrutura deficiente e um elenco de condutores inadequadamente habilitados formam a perigosa mistura que gera este resultado nocivo ao país.
Os municípios, os estados e a união estão pagando um preço muito alto. As sequelas deixadas pelo trânsito tem dilacerado famílias e prejudicado a força laboral das vítimas e dos que são obrigados a cuidar delas.
Por falta absoluta de habilidade, de coordenação motora e de paciência dirijo somente a parte que posso da minha vida. Sou assumido pedestre e usuário de ônibus coletivos. Nesta condição assisto cenas de imperícia, de irresponsabilidade e de “cidadania reversa” que elevam os riscos do caótico trânsito.  
Por: Ademar Rafael

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Marlon Oliveira
11 anos atrás

De fato, o custo dessa imprudência é rateado por quem anda a pé ou de ônibus… e até mesmo por quem nem anda.