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CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

A FALTA NÃO É SOMENTE D’ÁGUA

Duzentos e trinta dias depois – estive no sertão no final de 2012 – percebo que meus irmãos sertanejos estão numa situação pior. Durante a viagem anterior ouvi muitos relatos sobre a esperança em uma quadra invernosa capaz de minimizar o problema da seca.
O ano de 2013 repetiu o conjunto de eventos dos anos anteriores e a situação agravou-se. Temos agora uma situação incontrolável. São milhares de nordestinos sem acesso a água para atendimento das necessidades básicas. Tudo isto sob o  olhar insensível dos poderes públicos. Culpar somente a falta de chuvas regulares é terceirizar o problema com carga elevada de ausência de vergonha na cara.
Informações sobre eventos climáticos, positivos e negativos, os governos recebem com muita antecedência o que falta mesmo é uma política séria e permanente para convivência com a escassez. A utilização correta dos recursos hídricos sanaria parte do problema, falta ação.
Vendo a situação das barragens de Brotas e do Rosário resgatei a imagem do Rio Tocantins, na cidade de Marabá onde resido. De acordo com informações extraídas de www.eban.com.br referido rio tem uma vazão média anual de 10.900 m3/s, considerando dados colhidos em www.afogadosdaingazeira.com para Brotas e em www.blogdomarcelopatriota.com.br para o Rosário caso houvesse a possibilidade de deslocarmos o volume d’água do Tocantins para referidas represas em aproximadamente em 38 minutos (25.000.000 m³/10.900m³s=2.293,585s/60=38,23m) a Barragem de Brotas estaria sangrando e o reservatório do Rosário depois de algo em torno de 1 hora e 4 minutos (40.000.000m³/10.900m³s=3.853,215/60=64,22m) estaria cheio.
Você pode estar pensando: Ademar hoje não tomou o Diazepam. Contudo, posso afirmar que não é delírio. Um presidente estilo JK faria sim a obra da transposição do São Francisco e interligaria as bacias do Tocantins e São Francisco por meio de um canal ligando o Rio Tocantins, a partir de Porto Nacional, Tocantins, ao Rio Grande em Barreiras, Bahia. O Rio Grande se encarregaria de fomentar o Velho Chico com as abundantes águas oriundas do centro-oeste.
O comparando o custo de tais obras com o que já  foi gasto na indústria da seca e compra de votos no nordeste chega-se a um número suportável pelo orçamento da União. O valor investido voltaria aos cofres públicos via impostos gerados na área antes sacrificada rotineiramente.
Caberia, no entanto, realizar referidas obras com um ingrediente tão difícil quanto às chuvas no semiárido: Honestidade dos gestores públicos e das empreiteiras. 
O ciclo vicioso, construído em décadas de dependência, é salutar somente para os políticos com bases eleitorais nas regiões castigadas pelas repetidas estiagens.

Por: Ademar Rafael


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