Já somos minoria.
Quando foram criados dispositivos legais e convencionais visando conceder benefícios às minorias, excluídas à época, todas as pessoas com vocação para questões coletivas aplaudiram. Não sabiam elas que o conceito tomaria as dimensões que tomou.
Hoje convivemos com um lastro enorme de prioridades que beira o caos. Ao entramos em bancos ou em outros prestadores de serviços massificados nos deparamos com extensa lista de atendimentos priorizados. Existem filas para idosos, filas para gestantes, filas para pessoas com dificuldade de locomoção, fila para pessoas com criança e por aí vai. Não há injustiça nenhuma na prática, o que está havendo são fragmentações improdutivas de atendimentos em nome de conquistas sociais.
Bom mesmo são os aeroportos. Na hora do embarque os passageiros são convocados em ordem de preferência. Começa com os idosos a as pessoas que conduzem crianças, depois os detentores de cartões azul, preto, vermelho, amarelo entre outros.
As cotas das universidades, os assentos de coletivos, as vagas de estacionamento também, corretamente, visam reparar direitos negados durante séculos, os excessos e as cobranças por mais direitos é que estão causando o estrangulamento dos sistemas.
Jamais seríamos contrários às práticas que geram justiça social, nunca ficaríamos em posição divergente de ações reparadoras de segregação social, queremos somente alertar para os limites. Nunca é demais lembramos que os direitos necessitam de uma convivência harmônica, quando um começa esmagando o outro deixa de ser um direito.
São tantos os mecanismos para atendimentos das minorias que a soma desses grupos supera, com larga margem, o número dos “normais”, assim classificados os que não pertencem às legiões catalogadas como minorias. Se não estivesse próximo de entrar para o grupo dos idosos, tenho 57 anos, iniciaria uma campanha para conquistar direitos para os “normais”, essa parte da sociedade já é minoria. A equação inverteu-se.
Por: Ademar Rafael