O espírito jornalístico induz a escrever que chegou ao fim a “Era Mancini”. Mas isso soaria como exagero. O agora ex-técnico alvirrubro ficou apenas pouco mais de dois meses no comando do time – exatos 65 dias se passaram desde o anúncio de que ele assumiria a equipe. Não chegou a estabelecer um padrão de jogo. Não deu para completar um campeonato inteiro pelo Timbu. Não houve tempo para construir um legado. Neste domingo, chegou ao fim o vínculo que o unia ao Náutico. Vágner Mancini, sob muita pressão da torcida, deixa o Náutico. Jorginho, ex-Bahia, está sendo especulado para o cargo.
A grande razão da demissão do técnico foi o mau retrospecto em clássicos. Enquanto, em geral, o Náutico passeava diante dos intermediários, tropeçava na frente dos grandes. A derrota por 2 x 1, contra o Sport, na Ilha do Retiro, começou a crise. O insucesso perante o Santa Cruz, por 2 x 0, agora dentro de casa, aumentou. E o fracasso diante do Ypiranga, por 2 x 0, nos Aflitos, neste domigno em que o clube comemorava dos 112 anos do time foi o estopim.
A torcida, desde o começo do jogo, o pressionou. Quando o locutor do estádio anunciou seu nome, vaias ressoaram pelos Aflitos. Quando acabou o primeiro tempo – em que o Náutico perdia por 1 x 0- os alvirrubros gritavam que “queriam treinador”. Ao fim da partida, alguns deles invadiram o campo para cobrar dos reservas que treinavam. Não havia mais clima para Mancini.
O treinador chegou a dar declarações de que não jogaria a toalha. De que iria até o fim. Que ficaria no clube. Só acertou a primeira previsão: ele, de fato, não desistiu: foi demitido e, consequentemente, não vai até o fim. Nem fica no clube. Neste domingo, 65 dias depois, Mancini deixa os Aflitos. Ele não é mais o técnico do Náutico.