A Veneza Brasileira e os seus problemas.
Como toda cidade grande que cresce de forma desordenada, o Recife não está imune aos problemas da super população. Com uma área de 2.783 km² e uma população de 3.717.640 habitantes em sua região metropolitana (dados do IBGE 2012), a capital pernambucana tem sofrido nos últimos dez anos com a desordem generalizada em suas ruas, praças, centro e bairros em geral.
A população tem reclamado exaustivamente, embora sem muito êxito, do lixo acumulado nas principais artérias, do trânsito caótico e, principalmente, da desorganização com o acúmulo de camelôs no centro da cidade e a consequente falta de mobilidade para os pedestres.
Começo de ano, governo novo e a promessa de uma mudança brusca e efetiva por parte do prefeito Geraldo Júlio, que garantiu prioridade nas questões mais cruciantes, como é o caso do ir e vir dos nossos transeuntes. Com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano entregue ao experiente João Braga, o apoio da EMLURB e da CTTU, que cuidam da limpeza urbana e tráfego de transportes, respectivamente, as esperanças renascem.
O secretário acima, um dos que mais tem aparecido na mídia nesses dois meses, já contabiliza alguns avanços como desobstrução das calçadas nos entornos dos mercados públicos de Casa Amarela, Encruzilhada, Afogados, Madalena e, apesar da chiadeira dos feirantes, as medidas vêm sendo apoiadas pela população, embora o jogo esteja na fase preliminar.
Para se ter uma ideia, na última quarta feira do mês de fevereiro (27), assisti a uma cena chocante quando passava pela Praça da Bandeira e via um automóvel totalmente danificado por uma árvore que caiu na Rua Benfica. O condutor do veículo, um Major da PM, perdeu os sentidos e foi socorrido às pressas por populares e a avenida ficou interditada por quase 3 (três) horas, para o corte e retirada dos restos da falecida.
Diante de uma cena como esta perguntamos: cadê o programa de monitoramento das nossas árvores? O Recife ainda é uma cidade verde, mas não existem os cuidados necessários com a preservação. Aqui tem árvore que deve ter sido plantada por Maurício de Nassau, e por longeva que seja uma árvore não dá para aguentar tanto, concordam? Na Avenida Manoel Borba, por exemplo, tem centenárias que quando não estão arreadas por cima dos prédios vivem escoradas em 2, 3 bengalas esperando a hora de ir ao chão e não vemos sequer um serviço de poda.
Outro problema gravíssimo que enfrentamos é no trânsito (alô CTTU). A frota cresceu desenfreadamente e a deseducação dos nossos motoristas contribui sobremaneira para aumentar a desordem. Moro vizinho a um colégio e, diariamente, nos horário de 7.00h e 17.00h a formação de filas duplas na porta do colégio no sentido centro subúrbio, provoca um gargalo enorme no prolongamento das avenidas Sport Clube do Recife e Abdias de Carvalho. Quem precisa passar pela av. Rui Barbosa, onde funcionam os Colégios Damas e São Luís, nos horários de saída das escolas, também, é submetido a testes para cardíacos. E o pior: não vemos um guarda de trânsito ou um fiscal da CTTU tentando contornar os problemas.
Vamos ao próximo capítulo: na Av. Agamenon Magalhães, tiraram, no governo passado, os vendedores da frente do Hospital da Restauração e, após rigoroso cadastro, colocaram-nos em local apropriado e a sociedade soube agradecer pela medida, no entanto, se você circular hoje pelas calçadas da direita até o Hospital Português e da esquerda até o empresarial onde funciona uma agência da Caixa Econômica Federal verá que, onde não for entrada de garagem, tem um vendedor de lanches e se for parada de ônibus, aí nem se fala.
Sabemos que esses ambulantes são pais e mães de família que precisam trabalhar para o sustento dos filhos e que encontram na informalidade um paliativo para as suas necessidades. O problema maior é que além da sujeira que se acumula nos arredores, temos a ausência da Vigilância Sanitária e, de quebra, a ocupação das calçadas que seriam dos pedestres. Há que ser feito algo.
Concluindo o meu raciocínio diria que torço muito para ver o Recife melhor, pois para uma cidade sede da Copa das Confederações, já em junho desse ano, e de uma Copa do Mundo, um ano depois, o tempo é muito pouco para solução dos problemas que diariamente tem infernizado a vida dos seus moradores.
Por: Danizete Siqueira de Lima.