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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

OS ANIMAIS TAMBÉM CHORAM?

No dia 03.03.13 este blog expôs uma foto e relatou o episódio do “choro” de uma jumenta ao ver o filhote ser tragado pela seca na Paraíba e fez uma invocação a sensibilidade da presidenta Dilma em direção ao sofrimento dos nordestinos em outra grande estiagem.

A cena trágica do sofrimento de animais está presente no cotidiano de quem habita na zona rural. Ver a luta de uma ave em defesa dos seus filhotes, colocando a vida em risco ao enfrentar o predador é de “cortar coração”, como dizia Quincas Rafael. Uma vaca lambendo a cria após o nascimento e seus movimentos em torno do corpo inerte no caso da morte prematura é um espetáculo inarrável.

Nós os humanos é que, em nome da correria atual, não temos tempo para observar o sofrimento alheio. Interessamo-nos muito mais pelo próximo lançamento tecnológico, pelo eliminado do BBB ou pela mais recente denúncia de corrupção do que pelo sofrimento de um animal abandonado nas ruas, nas estradas e nos campos. Quando muito reclamamos quando um destes animais atrapalha nossos potentes veículos.

A arte e o cancioneiro ensinam que “o jumento é nosso irmão”, que “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti” e que “os brutos também amam”, difícil é termos a capacidade de sentir, na prática, estas mensagens. Talvez a resposta esteja na música do Padre Fábio de Melo, “somos humanos demais”.
Quanto ao apoio político invocado é muito bom atentarmos para o fato que o coração do político normalmente tem duas versões. A versão “manteiga” durante as campanhas eleitorais e a versão “granito” ao tomar posse. Outro ponto a ser destacado é que o modelo de gestão imperante em nosso país é o da “esmola” uma vez que a dependência alimenta o sistema.

Somente quando alguém tiver coragem para alterar o pensamento em voga e tratar os fenômenos naturais secas, enchentes, alagamentos, deslizamentos, entre outros, de forma preventiva veremos menos “choro” de animais e de pessoas carentes os invisíveis aos olhos da classe dominante, especialmente pelos políticos após a posse.

Não podemos esquecer que existem animais que recebem afagos negados aos empregados das casas de “grã-finos”, enquanto os primeiros recebem tratamento de primeira em “pet shops” os segundos são tratados nas filas do SUS.

Resta-nos lutar por justiça social, um dia ela bate em nossa porta..

Por: Ademar Rafael


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