DIPLOMA, PARA QUE SERVE?
Sou do tempo que para um recém-formado ingressar no mercado de trabalho bastava registrar seu diploma na entidade que representava a categoria, hoje a situação é outra.
Várias categorias profissionais, após a colação de grau, enfrentam o dilema da aprovação em certame definido como pré-requisito para exercício da profissão. Enquadra-se nessa situação o Exame da Ordem dos Advogados para os acadêmicos de direito e o Exame de Suficiência para os contabilistas. No caso dos operadores do mercado financeiro existem as temidas certificações, fato que ocorre também para auditores independentes.
O que está por baixo do tapete destas “qualificações extras”? Sem muito esforço encontraremos o baixo nível do ensino em grande parte das entidades públicas e privadas, ou seja, muitas delas não passam de fornecedores de um papel como nome de DIPLOMA. Os profissionais que detém seus registros viram-se na obrigação de “proteger” suas categorias dos invasores sem a devida qualificação.
Aprofundando a busca encontraremos uma verdadeira indústria que fornece cursinhos, material impresso e dicas, algumas combinadas com os aplicadores das provas e neste caso com elevado custo para os candidatos. A cada ano crescem as denúncias sobre a manipulação de gabaritos.
Fica a indagação: Se as instituições de ensino superior não estão dando conta de formar os profissionais durante os cursos regulares um cursinho e uma prova repararão as deficiências? Tenho muitas dúvidas.
No campo da medicina o problema é agravado com a convivência durante o curso regular com aulas de entidades fornecedoras de conteúdos para aprovação nas provas de residência. Já ouvi de um bom médico que neste tipo de aula há maior aprendizado do que nas atividades acadêmicas. Como aceitar que a carga horária de um acadêmico de medicina com aula convencional, estágio, internato, trabalhos tenha a concorrência de um verdadeiro curso paralelo?
Já ouvi em roda de acadêmicos que a saída a deixar o curso regular de lado e dedicar-se com maior afinco ao curso paralelo uma vez que a residência é determinante para exercer a profissão na área desejada, isto é, na condição de especialista.
Com a falta de médicos, principalmente no interior, não seria o caso de reformular o modelo atual, ampliando a carga horária e criando estruturas regionais para que o formando possa sair do curso com a bagagem necessária para o exercício pleno da atividade e na especialização escolhida?
Por: Ademar Rafael