Exercendo a cidadania.
É notável a lição que está sendo dada à sociedade pela Escola Maurício de Nassau, localizada no Alto do Mandu, em Recife, conscientizando seus alunos sobre a importância de manter limpas as ruas do seu bairro, como foi mostrado em recente reportagem do Jornal do Commércio. Esse é um exemplo de cidadania que deveria fazer parte da carga horária de todas as escolas, públicas e privadas, como forma elementar, básica, de formar gerações identificadas e comprometidas com a qualidade de vida de todos.
As velhas e crônicas lições são de tolerância, relaxamento, ausência absoluta de sintonia com o social. Aí, consta que limpeza pública é obrigação do poder público, e só. Um equívoco que
peca por todos os ângulos que se examine. A começar pela contradição: há sistema de limpeza
pública porque há sujeira pública. Logo, caberia a cada um de nós, a toda a sociedade, e não
apenas aos alunos da escola citada, ter presente a lição básica, fundamental: se não sujamos
as ruas, se dirigimos os detritos para os equipamentos disponíveis, as lixeiras, o caríssimo
sistema pago pelos nossos impostos se reduzirá a recolher as lixeiras e dar-lhes a destinação
ecologicamente correta.
Como não é assim, nossos impostos pagam também os varredores, os coletores de pequenos
amontoados, as caçambas para os grandes depósitos de lixo a céu aberto, além de um custo
que dificilmente é computado pela grande maioria da população: o da saúde. A ausência
de limpeza sempre esteve associada aos graves problemas de saúde pública, até mesmo
epidemias. A sujeira é viveiro de insetos e ratos, vetores de doenças que foram combatidas e
extintas em países que cuidaram da limpeza com políticas públicas corretas, abrangendo todos
os aspectos, a começar pelos bancos escolares.
Em Afogados da Ingazeira, como na maioria das cidades do interior, os reclames da população
são inúmeros quando se trata de limpeza pública. A transferência da responsabilidade é
sempre jogada para os governantes, e o cidadão, na maioria das vezes, deixa de fazer a sua
parte.
Essa lição que está sendo dada no Alto do Mandu precisa urgentemente se estender a
todas as escolas de Pernambuco, por determinação do poder público e por diligência da
iniciativa privada em educação. A questão precisa ser tratada como uma PPP- política pública
permanente – não como capítulos esparsos, circunstanciais, como parece ser. O indiscutível é
a necessidade de levar esse entendimento aos primeiros passos na escola, de forma a torná-lo
tão evidente quanto necessário para uma sociedade minimamente civilizada.
Por: Danizete Siqueira de Lima.